Não parece existir qualquer dúvida de que os adeptos do Vitória de Guimarães são especiais. Não têm outro clube que não o Vitória SC, sentem-no como ninguém, vivem os jogos de uma forma intensa, por vezes tocando os limites como é o caso da história que nos conta Carvalho, antigo capitão dos vimaranenses e que tem no currículo a conquista da Supertaça, em 1988, frente ao FC Porto. Hoje, com 57 anos, é treinador dos Caçadores das Taipas, da AF Braga, e como técnico já foi campeão da 3ª Divisão ao serviço dos Sandinenses, em 2004/05.
Mas vamos à história. Vitória de Guimaraes-Benfica. 2 de janeiro de 2016. Antes de ir a Alvalade para jogar com o Sporting, a equipa de Rui Vitória (ex-técnico do Vitória SC) visitava o Estádio D. Afonso Henriques "completamente cheio" e António Carvalho, sócio vimaranense, sentou-se na bancada com a esposa para, juntos, assistirem ao jogo. "Estava um ambiente fabuloso. Como sempre", recorda. O árbitro Carlos Xistra deu início à partida e lá mais para a frente, com o resultado a zero, num jogo que estava a ser "intenso", "quentinho" e "dividido", uma falta assinalada a favor do Benfica à entrada da área do Vitória SC despoletou a raiva num adepto vitoriano.
"Ele devia ter uns 70 e muitos anos. De repente, pôs-se de pé e desatou aos berros a chamar nomes ao árbitro, aos jogadores do Benfica. 'Eu sou vitoriano!', gritava. 'Não gosto destas merdas!', 'querem brincar, é?', 'és um corrupto!'. O homem estava vermelho, fiquei preocupado, ainda lhe podia dar alguma coisa ali. Pedi para ele se acalmar, mas qual quê...o homem continuava aos berros, disparava contra tudo e todos. Ficou tudo atónito com a situação. Tive de sair dali, porque já estava a ficar incomodado. Mas fez-me muita impressão, ele estava mesmo alterado... e tudo por causa de uma falta...". Carvalho ainda hoje não sabe como é que o senhor reagiu ao golo de Renato Sanches, na parte final da partida, a dar a vitória ao Benfica por 1-0, num remate explosivo de fora da área. Mas imagina...