Ricardo tira as luvas e dirige-se para a baliza. Darius Vassel vai marcar o quinto penálti para a Inglaterra após o empate a duas bolas no final dos 120 minutos dos quartos-de-final do Campeonato da Europa disputado em Portugal e já depois de David Beckham e Rui Costa terem falhados os respectivos castigos máximos. O defesa britânico remata e o guarda-redes português, sem luvas, defende perante um Estádio da Luz repleto e uma nação colada à televisão. Se a Seleção Nacional marcar o próximo pontapé de penálti vence por 6-5 e segue rumo às meias-finais. Quem vai marcar? Ricardo!. O número 1 nacional não vacila e atira a contar perante o desespero de David James. E Portugal segue o caminho ansiado até à final.

Luís Miguel Bilro Pereira, conhecido no mundo do futebol como Bilro, não esquece este jogo e estes momentos em particular. Até porque estava lá. “In loco”. “Foi um momento único, um momento épico”, recorda o antigo lateral formado no Sporting e capitão da União de Leiria durante anos a fio. “O pormenor do Ricardo tirar as luvas, defender e depois ser ele a marcar o penálti decisivo é daquelas coisas inesquecíveis.”

“Foi um jogo extraordinário, Portugal esteve a perder e depois empatou já perto do final, esteve a ganhar no prolongamento e deixou-se empatar, e depois houve uma série de circunstâncias que o tornaram ainda mais especial com o Ricardo em grande”, lembra Bilro, acrescentando: “O ambiente era muito especial, pois o País estava todo mobilizado em torno da Seleção.”

Há precisamente 13 anos Portugal ainda eliminou a Holanda, a 30 de junho, nas meias-finais ao vencer por 2-1, mas acabaria por cair aos pés da Grécia na final da competição. “Ficou esse amargo de boca, pois a Seleção tinha colocado Portugal com a adrenalina em alta, mas o jogo com a Inglaterra tornou-se inesquecível”, sublinha Bilro.