Artur Jorge Vicente faz parte dos cromos da bola do nosso país. Passou por clubes como Sporting, Boavista, Salgueiros, Rio Ave e outros, muitos outros. Cabo-verdiano de nascença mudou-se para Portugal quando tinha seis anos e cedo acompanhou a paixão do pai pelo futebol, especialmente pelo Benfica. Aliás, daí o nome Artur Jorge.

Artur Jorge, o elegante ponta de lança, acabara de chegar à Luz vindo da Académica depois de mostrar o seu brilhantismo ao serviço dos estudantes e o senhor João Vicente avisou a esposa, então grávida, de que se o rebento fosse um rapaz iria ser batizado de Artur Jorge. E assim foi.

Nasceu Artur Jorge para se dedicar ao mundo do futebol e lembra carinhosamente que o amor do senhor João Vicente pelo Benfica superava até a vontade de ver o filho ganhar jogos. Aconteceu numa visita de Artur Jorge Vicente ao Estádio da Luz com a camisola do Salgueiros, jogava-se a época 1997/98, e Artur Jorge marcou dois golos que valeram um empate a dois à equipa da cidade do Porto. Na habitual conversa que tinha com o pai depois dos jogos, o avançado ouviu um sermão pois os seus dois golos impediram o Benfica de alcançar a vitória. “Não me importo que marques dois golos, mas o Benfica tinha que marcar três”, disse o senhor João.

Há, no entanto, um episódio que Artur Jorge Vicente partilhou com o pai que nunca mais esquecerá, pese embora, tenha dificuldade em apontar com certeza qual foi o jogo. Aconteceu numa romaria ao Estádio de Alvalade para ver o seu Benfica disputar um dérbi com o eterno rival. “O Estádio estava cheio, não havia lugares para mais ninguém”, lembra. “Eu tinha cerca de 10 anos e como não conseguia ver nada passei a maior parte do jogo aos ombros do meu pai”, recorda.

“Já quase no fim do jogo conseguimos arranjar um lugar para eu ver o jogo e lá dei um descanso ao meu pai”, diz o jogador que passou pelos quadros do Sporting.