Visto da Bancada
Albertino Pereira (nº 73)
2017-08-12 12:30:00
Albertino lembra a vitória do FC Porto sobre a Lazio, em 2003, mas também um jogo do Leixões e outro do Boavista

“Começámos a perder, depois aquilo foi uma cilindrada para cima deles, foi uma banhada do caraças”, conta Albertino Pereira ao Bancada, ao relembrar o FC Porto 4, Lazio 1, da primeira mão das meias-finais da Taça UEFA em 2003, um dos jogos mais marcantes a que assistiu ao vivo. Mas, antes de chegar a esse, lembrou-se de outros dois, porque não é fácil escolher um só. “Vi muitos jogos, como é óbvio. Desde miúdo que ando a assistir a jogos, acho que desde que nasci até hoje ando sempre a assistir a jogos” e do FC Porto, então, “desde o tempo do Hernâni, eu era pequenino, já ia ver aqueles jogadores todos do FC Porto”, garante.

Assim, Albertino que, entre outros clubes, passou por Leixões, Boavista e FC Porto, acabou mesmo por eleger três jogos marcantes a que assistiu ao vivo, um por cada um destes clubes. “Foram três clubes onde joguei, gosto muito deles. Casa onde a gente passa marca o jogador”, explica.

Leixões 1, Celtic 1 – Taça das Feiras (1964)

Curiosamente, o primeiro jogo de que Albertino se lembrou foi aquele que teve lugar há mais tempo. “Um jogo que me marcou quando era miúdo foi em Matosinhos, Leixões-Celtic, para a Taça das Feiras. O Leixões nessa altura ia às provas europeias e lembro-me desse jogo no Estádio do Mar. Fui sozinho, era miúdo, não havia ninguém para ir e eu: ‘pés ao caminho’. Fui a pé de casa para o Estádio. Chegava lá e entrava com as pessoas. Deixavam-me entrar, naquela altura deixavam entrar os putos todos”, recorda Albertino. O tempo apagou da memória o resultado daquele jogo de 1964, em que Leixões e Celtic empataram a um golo, mas Albertino recorda “o [Jimmy] Johnstone, um ruivo, ala direito, grande velocidade” que pertencia a essa equipa do Celtic que, três anos mais tarde, se sagrou campeã da Europa, no Estádio Nacional ao vencer o Inter Milão na final. “Eu era pequenito. Estava na bancada superior, mas estava em baixo. Não podia ir lá para cima, senão não via o jogo, não é? Os homens eram altos e não deixavam ver o jogo, tinha de ir lá para baixo. Fui lá para baixo e fiquei mesmo ali ao nível da relva. Lembro-me desse Johnstone e lembro-me do Leixões, um dos meus clubes. Jogava o Rosas, o guarda-redes; o Raúl; o Oliveirinha como avançado centro…”

Boavista 0, Celtic 0 - Taça das Taças (1975)

E falando do Leixões – Celtic, Albertino lembrou-se de outro jogo a que assistiu da bancada, anos depois e que, curiosamente, também envolveu a equipa escocesa. “Este Celtic também está na minha memória num jogo com o Boavista. Eu já era jogador [do Leixões], mas fui ver o Boavista - Celtic, para a Taça das Taças, em que o treinador era o mestre Pedroto. Esses dois jogos serem com o Celtic é uma coincidência terrível, mas foi mesmo, foram dois jogos empolgantes e que mexeram comigo, mais o do Leixões, que eu era muito miúdo, nunca tinha visto jogar uma equipa estrangeira.  O jogo com o Boavista foi para aí em 74 ou 75 [foi 1975], no Estádio do Bessa. Foi um jogo espetacular. Não sei se o Boavista venceu, o Boavista tinha uma grande equipa, na altura do Boavistão. Depois fui para o Boavista no ano seguinte. Já era profissional, estava a jogar, mas fui ver o jogo. Foi um jogo que gostei muito de ver e que gostava muito de ter estado lá dentro. No ano seguinte fui lá para dentro, não com o Celtic, mas com outros”, lembra.

FC Porto 4, Lazio 1 – Taça UEFA (2003)

Houve ainda outra partida que Albertino não pôde deixar de referir. “Mais tarde, depois de ter deixado o futebol, tenho aquele célebre jogo do José Mourinho, com a Lazio, que o FC Porto começou a perder e depois deu quatro. Aquilo acho que foi dos melhores jogos que vi em toda a minha vida. Da bancada acho que não vi melhor. Aquele foi super super bom, foi um jogo empolgante, foi dos melhores jogos que vi na minha vida”, repete, com ar de quem está a reviver mentalmente aquela noite e os golos de Maniche, Derlei (por duas vezes) e Postiga, na primeira mão das meias-finais da Taça UEFA que o FC Porto acabou por conquistar.

Os “dragões” até entraram mal na partida, com um golo sofrido logo aos seis minutos de jogo, da autoria de Claudio López, mas o que se seguiu ficou na memória de quem esteve naquela noite no Estádio das Antas. “Começámos a perder. Depois aquilo foi uma cilindrada para cima deles, foi uma banhada do caraças. Aquela malta fez um jogo soberbo, um jogo extraordinário”, afirma Albertino, relembrando o jogo em que, por incrível que pareça, o FC Porto marcou quatro golos, mas desperdiçou muitos outros.

O FC Porto tinha já a base da equipa que se tornou campeã europeia pouco mais de um ano depois, mas do lado da Lazio também havia muitos nomes sonantes, como Angelo Peruzzi, Sinisa Mihajlovic, Fernando Couto, Dejan Stankovic, Diego Simeone ou Claudio López, treinados por Roberto Mancini. Recorde o onze do FC Porto e veja o resumo do jogo.

FC Porto: Vítor Baía; Paulo Ferreira, Jorge Costa, Ricardo Carvalho, Nuno Valente; Costinha, Maniche, Alenitchev, Deco; Derlei e Postiga