Esta é a escolha do Bancada para os 7 melhores treinadores da história do Sporting. Sete técnicos que moldaram a alma leonina e forjaram a identidade competitiva e o espírito inabalável do clube.
Porém, este é um exercício que não procura consensos. A ordem de exposição é aleatória.
Eis os 7 melhores treinadores do Sporting de sempre
- József Szabó
- Otto Glória
- Fernando Vaz
- Malcolm Allison
- Carlos Queiroz
- László Bölöni
- Rúben Amorim
József Szabó
Em 1946, o húngaro Szabó chegou a Lisboa para revolucionar o Sporting. Com o seu 3x2x5 inovador, ele transformou o futebol português, levando o clube ao título de 1946/47 através de um jogo ofensivo que revelou génios como Peyroteo e Albano.
No seu regresso em 1953, provou que o seu método era atemporal, conquistando novo campeonato em 1954. József Szabó foi o mentor intelectual dos Cinco Violinos, ensinando Travassos e companheiros a pensar o jogo quando outros privilegiavam apenas a força física.
O seu legado maior não foram os troféus, mas a filosofia implantada: “o futebol começa no cérebro”. Criou a identidade de um Sporting que alia técnica a inteligência, uma matriz que ainda hoje define o clube.
Arquiteto da primeira era dourada leonina, Szabó permanece como o visionário que transformou jogadores em artistas e o futebol em arte – a essência do que significa ser Sporting.
Otto Glória
Em 1954, o mineiro Otto Glória cruzou o Atlântico para escrever um dos capítulos mais brilhantes do Sporting. Com o seu futebol disciplinado, mas criativo, refinou a equipa dos Cinco Violinos, conquistando dois campeonatos nacionais (1958 e 1959) que consagraram o estilo inconfundível dos leões.
Otto Glória trouxe do Brasil a técnica, mas adaptou-a ao rigor tático europeu. Sob o seu comando, Peyroteo atingiu o auge como goleador completo, enquanto Travassos se tornou no primeiro ‘motor’ de jogo do futebol português. O seu 4x2x4 evolutivo antecipou em anos o que seria o padrão do futebol moderno.
Mais do que um treinador, Otto Glória foi um pedagogo. Introduziu métodos de preparação inéditos em Portugal e provou que organização e talento podiam coexistir. O seu legado permanece na alma do Sporting: essa combinação única de garra leonina e futebol arte que ainda hoje define o clube.
Fernando Vaz
Quando assumiu o Sporting em 1961, Fernando Vaz herdou uma equipa em transição após a era dos Cinco Violinos. Com pragmatismo e conhecimento íntimo do clube, onde já fora jogador, conduziu os leões ao título nacional nesse mesmo ano, provando que a excelência podia perdurar além da geração lendária.
Fernando Vaz manteve os princípios ofensivos do Sporting, mas introduziu maior solidez defensiva. O seu 4x2x4 adaptado permitiu que talentos como Figueiredo e Morais brilhassem, enquanto integrava jovens da formação. Uma filosofia que manteria quando regressou em 1968.
Mais do que títulos, Fernando Vaz assegurou a transição entre eras sem traumas. O seu legado foi provar que o ADN do Sporting – futebol ofensivo aliado à aposta na formação – podia resistir ao tempo e às mudanças geracionais.
Malcolm Allison
Malcolm Allison não foi apenas mais um treinador do Sporting – foi um furacão que sacudiu o conservadorismo do futebol português nos anos 80. Chegou com o charme de um showman, um charuto na boca e uma autoconfiança que irritava os puristas, mas que cativou jogadores e adeptos. Não veio para cumprir protocolos; veio para desafiar.
O seu maior legado? A coragem de quebrar regras. Enquanto Portugal ainda jogava num futebol rígido e defensivo, Allison trouxe um estilo ofensivo, quase arrogante, inspirado no melhor do futebol inglês. Treinos intensos, táticas ousadas e uma mentalidade vencedora: coisas que, na época, soavam a revolução.
E os jogadores? Transformou Fernando Gomes num ídolo, provando que o Sporting podia produzir estrelas de nível europeu. Mas, mais do que resultados desportivos (que, na verdade, ficaram aquém do esperado), Allison deixou uma marca cultural: mostrou que o leão não tinha de ter medo de ousar.
O Sporting dos anos 80 pode não ter ganho muito em troféus com ele, mas ganhou algo mais raro: personalidade. E isso, para um clube que se queria grande, era essencial.
Carlos Queiroz
Quando Carlos Queiroz deixou o Sporting em 1991, poucos perceberam a dimensão da revolução que havia semeado. O seu maior triunfo não estava em troféus imediatos, até porque estes não vieram, mas na forma como redefiniu o que significava ser profissional no futebol português.
Nas suas mãos, o treino tornou-se um processo científico, o scouting um sistema, a preparação um ritual sagrado.
Os frutos dessa visão surgiriam anos depois: na geração de ouro que emergiu da academia, no ADN posicional que marcaria épocas gloriosas do clube, no reconhecimento internacional de que Portugal podia produzir não só talento, mas metodologia.
Queiroz plantou as sementes da modernidade quando poucos ousavam pensar no amanhã. E o Sporting, mesmo sem perceber à época, havia recebido de presente um novo paradigma.
O verdadeiro impacto de um revolucionário só se mede quando o futuro vira presente. E nesse jogo, Carlos Queiroz saiu vencedor.
László Bölöni
Laszlo Bölöni chegou ao Sporting em 2001 trazendo na mala um conceito revolucionário: futebol como expressão artística. O técnico romeno, de fala mansa e ideias claras, implantou um estilo que unia rigor tático e criatividade, provando que beleza e eficiência podiam coexistir em campo.
A sua obra-prima foi o título de 2001/02, conquistado com uma equipa que equilibrava disciplina e talento individual. Sob a sua batuta, Jardel provou ser uma máquina de golos, João Pinto renasceu como maestro do meio-campo e Rui Jorge floresceu como lateral completo. Cada jogo dos leões era uma aula de geometria aplicada ao relvado.
O legado de Bölöni no Sporting ultrapassou o troféu conquistado. Ele demonstrou que o sucesso não precisava ser obtido através de futebol defensivo, estabelecendo um novo padrão de qualidade em Alvalade. O seu trabalho permanece como referência de como transformar um plantel numa verdadeira equipa.
Rúben Amorim
Ruben Amorim chegou em 2020 como uma aposta arriscada e transformou-se no arquiteto da renascença leonina. O treinador não só devolveu ao Sporting a chave do campeonato, após 19 anos de espera, como reescreveu o manual de como reconstruir um clube.
Com um misto de ousadia tática e gestão humana precisa, Ruben Amorim moldou uma equipa à sua imagem: intensa sem ser violenta, pragmática sem deixar de ser brilhante.
O seu 3x4x3 tornou-se assinatura, mas a sua verdadeira genialidade estava na forma como extraía o máximo de cada peça. Ele fez de Pedro Gonçalves uma estrela, de Palhinha um colosso, de Coates um símbolo.
Mais do que o título histórico de 2020/21, Amorim plantou uma mentalidade vencedora onde antes havia complexos. Ele veio provar que, no futebol moderno, ideias claras superam orçamentos gordos. Em Alvalade, Ruben Amorim fica para sempre recordado como o catalisador de uma nova era.
O oitavo melhor treinador de sempre é a escolha do leitor
E assim está feita a escolha dos 7 melhores treinadores de sempre do FC Porto, mas abrimos espaço para o oitavo melhor técnico. Quem colocaria nesta lista?
Neste exercício de eleger o melhor treinador do FC Porto de sempre há aquele nome que fica na prateleira do esquecimento, ou de fora por falha na análise.
Então, quem colocaria o leitor nesta lista? Envie a sua sugestão por email. E não deixe de verificar quem foram os 7 melhores treinadores do Benfica de sempre e também os 7 melhores treinadores do FC Porto de sempre.