O futebol não está no topo das prioridades dos moçambicanos, que tentam reerguer-se da tragédia provocada pelo ciclone Idai, que espalhou a morte e a devastação. E neste cenário que a equipa de Abel Xavier entra em campo, neste sábado.

O técnico português não quis passar ao lado desta questão, na conferência de imprensa de antevisão do jogo com Guiné-Bissau. “Obviamente dedico uma palavra, pela tristeza que assola o país, na zona centro. Estivemos fora, duas semanas, e sentimos de forma direta todas as incidências – nomeadamente famílias que perderam os seus, a enorme devastação que foi causada”, começou por dizer.

Com emoção contida, Abel Xavier falou em nome do grupo, transmitiu uma mensagem de esperança e manifestou a certeza de um regresso à normalidade: “Em nome de toda a equipa técnica, dos jogadores, digo que apelamos a um apoio por parte do país, para colaborarem neste momento de profunda tristeza”.

“Vamos conseguir, vamo-nos erguer. Muita força. Nós, como seleção, que somos povo, temos o dever, o direito, a responsabilidade, de devolver alegria, como escape da sociedade. E estamos a trabalhar imbuídos deste espírito. Iremos jogar pelo país, por Beira, por nós”, continuou.

E é com um país a reerguer-se que a seleção moçambicana vai entrar em campo, no sábado, frente à Guiné-Bissau, apesar da ausência de Zainadine, capitão dos Mambas.

"Obviamente, o Zainadine é o líder do nosso grupo. É uma ausência forçada, mas estou confiante porque tenho outros jogadores", afirmou aos jornalistas Abel Xavier, momentos depois de o avião que transportava a seleção moçambicana ter aterrado no aeroporto Osvaldo Vieira, em Bissau.

A seleção moçambicana joga a Guiné-Bissau, na última jornada do grupo K de qualificação para a Taça das Nações Africana, que decorre entre 21 de junho e 19 de julho no Egito.

"Iremos entrar em campo com uma equipa extremamente forte e competitiva", garantiu o antigo internacional português, que lidera os Mambas desde 2016.

O grupo K de qualificação para a Taça das Nações é liderado pela Guiné-Bissau com oito pontos, seguido da Namíbia com a mesma pontuação, Moçambique com sete e Zâmbia com quatro.

No jogo de sábado, a Guiné-Bissau precisa apenas de um empate para garantir a qualificação para a Taça das Nações Africanas pela segunda vez. A primeira foi em 2017.

Já Moçambique precisa de vencer a Guiné-Bissau para ser apurado.

"Nós chegámos convictos de que somos uma equipa também forte, uma equipa que a Guiné-Bissau respeita e uma equipa que tem crescido. É um jogo decisivo, talvez mais para nós, porque há um resultado favorável à Guiné-Bissau, mas nenhum jogador e treinador entra para um jogo desta natureza sem ser para ganhar", salientou Abel Xavier.

O jogo de sábado vai decorrer no Estádio Nacional 24 de Setembro a partir das 16:30 (mesma hora em Lisboa).