O futebol açoriano. Quando se fala do desporto rei deste arquipélago de Portugal, surge na mente o nome do Santa Clara, clube dos Açores que se encontra melhor posicionado nos escalões nacionais. Porém, não só o clube de Ponta Delgada valoriza a região. Logo a seguir, segue uma luta a três pelo estatuto de segundo emblema açoriano de reconhecimento no país, com os protagonistas a serem o Praiense, o Operário e o SC Ideal.
Num arquipélago em que o apoio financeiro ao futebol não é, de todo, o recomendável para a afirmação do desporto rei e para o desenvolvimento em relação a equipas de Portugal Continental, existem clubes que têm como objetivo impor-se entre os emblemas dos principais escalões. Com o Santa Clara a lutar pelo reconhecimento do futebol açoriano na Segunda Liga, surgem certas equipas no Campeonato de Portugal com o intuito de subirem à divisão que antecede a elite nacional.
Esse apoio financeiro que deveria chegar mais prontamente, de partes governativas, foi salientado, ao Bancada, pelo presidente do SC Praiense, Marco Monteiro. “Entendo que da parte do Governo regional deveria haver mais algum apoio e incentivo desempenhado para as equipas que estão no Campeonato de Portugal”, começou por referir.
“O que estava delegado pelo governo dos Açores, caso o Praiense tivesse subido à Segunda Liga na época passada, seria que a equipa melhor classificada, ou seja, o Santa Clara, receberia um milhão de euros e o Praiense não receberia nada. Algo que não é justo e que não seria um apoio que é necessário para uma equipa se conseguir manter na Segunda Liga, pois para isso é necessária uma estrutura financeira sólida. Se subirmos este ano, vamos tentar que se alterem algumas situações e tenho a certeza de que o Governo também estará aberto e recetivo para que as equipas dos Açores, quer no futebol como noutras modalidades, estejam nos patamares mais altos portugueses”, rematou o presidente do Praiense.
Na Praia da Vitória quer-se aquilo que por pouco já escapou…
Das equipas aqui mencionadas, aquela que se encontra mais próxima de conseguir juntar-se ao Santa Clara no segundo escalão do futebol português é o Praiense e quão perto esteve de o conseguir na época passada… Em 2016/17, o conjunto da Praia da Vitória venceu a Série F do Campeonato de Portugal e ficou no segundo posto da fase de subida da zona sul. Foi suficiente para chegar ao segundo escalão? Não, pois a equipa ainda teve que passar pelo play-off de acesso e sucumbiu perante o Leixões, com um 2-1 no agregado das duas mãos.
Um sonho que esteve tão perto, mas que acabou por ficar tão longe, tal como o lamentou o presidente do Praiense, Marco Monteiro, em conversa com o Bancada. “O Praiense subiu o ano passado e depois foi o mesmo que estarmos em terra e tirarem-nos o tapete debaixo dos pés”, referiu o dirigente do emblema pertencente à AF de Angra do Heroísmo. Ainda assim, não é tempo de virar a cara à luta e as metas traçadas continuam intactas. “Mas, infelizmente temos que pôr isso para trás das costas e o objetivo para esta época é, sem dúvida, a subida. Desde o início, que assumimos isso neste ano.”
Jogadores do Praiense a festejarem. Crédito: Mário Picanço.
A tarefa que se encontra pela frente não é, de todo, de cariz facilitador, tal como o confessou o presidente do emblema de Praia da Vitória. Atualmente no terceiro posto da Série D do Campeonato de Portugal, Marcou Monteiro vê no conjunto de equipas que tem que defrontar a zona de maior dificuldade da competição. “Sabemos que estamos numa série muito competitiva, na minha opinião a mais competitiva de todo o Campeonato de Portugal e os dados estão à vista. Por vezes, muitas das equipas que estão acima na tabela perdem pontos e quando comparada a diferença pontual entre as equipas mais abaixo e mais acima na classificação percebe-se isso.”
Após uma fase inicial da época menos positiva, com alguns desaires pelo meio, o Praiense encontrou agora a estabilidade em termos de resultados e já vai numa série de sete encontros consecutivos sem conhecer o sabor da derrota, mais precisamente numa senda de quatro triunfos seguidos. As razões do início a meio gás foram apontadas ao Bancada pelo presidente do clube. “Nós, de facto, não começámos bem a época, situação derivada de vários fatores. Alguns jogadores influentes não estiveram em tão boa forma, mas também principalmente houve dois jogos em que fomos claramente prejudicados pela arbitragem.” Não obstante, atualmente na terceira posição, o objetivo passa pela subida à Segunda Liga e nada mais. “De qualquer forma, estamos em terceiro lugar e ambicionamos chegar ao primeiro, fazendo tudo para subirmos de divisão, até à última gota de sangue. É essa a nossa linha e rumo que traçámos desde o início”, salientou Marco Monteiro.
Um dos alicerces da temporada do Praiense está também presente no trajeto na Taça de Portugal, prova rainha na qual o emblema da Praia da Vitória se encontra nos oitavos de final, fase onde irá receber o Farense. A equipa açoriana já eliminou o Vilafranquense, o Alcains, o Louletano e o Vale Formoso… o Farense é o próximo ‘alvo a abater’. “Neste momento estamos nos oitavos de final da Taça de Portugal, o que é sempre um prestígio, orgulho e uma honra. Na época passada, já tínhamos chegado á quarta eliminatória, que era histórico para o clube… é um orgulho para mim enquanto presidente, enquanto praiense e tudo vamos fazer para chegarmos aos quartos de final. O que venha a acontecer é sempre benéfico para o clube e também para os Açores”, atestou Marco Monteiro ao Bancada.
Operário e SC Ideal não querem ficar atrás na ‘pole position’ açoriana
Não só o Praiense tem aspirações no que diz respeito a reforçar o estatuto dos Açores entre a elite do futebol português. O Operário Lagoa, um dos clubes mais históricos do arquipélago, também mantém a ambição de vir um dia a chegar ao segundo escalão. Porém, esse cenário é algo que nesta temporada está a afigurar-se mais complicado do que aparentava ser a priori.
Jogadores do Operário alinhados em campo. Crédito: Henrique Barreira.
O clube da AF Ponta Delgada não está a ter o início de temporada desejado e encontra-se na zona mais baixa da tabela classificativa da Série E do Campeonato de Portugal, na 14.ª posição. Em onze jornadas já disputadas na competição, o Operário conseguiu somente um triunfo e foram já cinco os desaires que consentiu, com outros tantos empates pelo meio. Atualmente, atravessa uma série de quatro compromissos consecutivos sem conhecer o sabor da vitória, três deles derrotas e um empate. Na Taça de Portugal o Operário ficou-se pela terceira eliminatória, onde sucumbiu perante o FC Felgueiras 1932. O Bancada tentou obter o testemunho de elementos ligados ao clube, mas não obteve resposta.
Na Ribeira Grande existe também um clube que tem vindo a deixar marca pelas divisões secundárias e está em crescimento no futebol português. O SC Ideal conseguiu a permanência no Campeonato de Portugal na temporada passada e em 2017/18 segue no oitavo posto da tabela classificativa da Série E, com 14 pontos em onze jornadas, fruto de quatro vitórias, dois empates e cinco derrotas.
SC Ideal. Crédito: José Araújo.
Com Luís Roquete no comando técnico, os números do SC Ideal na globalidade da época situam-se em seis triunfos, três empates e seis desaires em 15 compromissos já disputados. A equipa da Ribeira Grande também já não está em prova na Taça de Portugal, tendo sido eliminada na quarta eliminatória, diante do Cova da Piedade. O Bancada tentou obter o testemunho de elementos ligados ao clube, mas não obteve resposta.