Miguel Poiares Maduro, ex-dirigente da FIFA e ex-ministro, considerou que a reportagem do New York Times (NYT) sobre o Benfica abre espaço para uma reflexão sobre uma alegada proximidade do futebol ao poder político e judicial.
Em causa está o novo título da reportagem, "O clube de futebol como Estado soberano", alterado depois do Benfica responder aos esclarecimentos solicitados pelo NYT.
Na versão inicial no site, o título da reportagem aludia ao sorteio de um juiz adepto do Benfica para presidir ao julgamento de Rui Pinto, no processo Football Leaks.
"Um título para fazer pensar", comentou o dirigente que foi "afastado" da FIFA, nas palavras dele, por tentar mudar uma "cultura de resistência ao escrutínio e à transparência".
"O nosso juízo moral muda quando se trata de alguém que nos é próximo ou do nosso clube", salientou Miguel Poiares Maduro, lembrando ser adepto do Sporting.
De acordo com o ex-ministro, a devoção ao clube poderá condicionar a forma como um adepto interpreta a 'realidade'.
"Às vezes serve o espelho que o distanciamento dos outros nos oferece", reforçou.
O ex-ministro, que foi advogado-geral no Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias, tem sido uma das vozes críticas da justiça portuguesa a propósito de Rui Pinto, "o hacker que ao expor os segredos do Benfica fez um inimigo formidável", segundo o NYT.
Em janeiro deste ano, Miguel Poiares Maduro tinha criticado publicamente a "má imagem" da justiça portuguesa no estrangeiro por se focar em "investigar Rui Pinto ignorando tudo o que está à volta".
Um título para fazer pensar do NYT. O nosso juízo moral muda quando se trata de alguém que nos é próximo ou do nosso clube (isto também se aplica a mim que sou do Sporting). Às vezes serve o espelho que o distanciamento dos outros nos oferece. https://t.co/VNU6xQBZTg
— Miguel Poiares Maduro (@MaduroPoiares) April 23, 2020