Futebol não é cinema mas tem, tal como a 'sétima arte', suspense, ação e muitas vezes um desfecho imprevisível. Os adeptos querem sempre que a 'película' tenha um final feliz mas nem sempre isso acontece. António-Pedro Vasconcelos, 82 anos, é um dos mais prestigiados realizadores portugueses e chegou a ser comentador desportivo, falando e abordando a realidade benfiquista. O leiriense, que se encantou pelas camisolas vermelhas que viu Eusébio, Coluna, entre outros, envergarem, volta a público para comentar a atualidade encarnada e não nega preocupação com a realidade do 'seu' clube.
Desde logo, António-Pedro Vasconcelos lamenta que a nível desportivo o emblema da águia não consiga medir forças com 'tubarões' na Liga dos Campeões. "O Benfica não tem capacidade para defrontar os grandes, tem que ver com a política desportiva de Luís Filipe Vieira ao longo dos anos e que agora vai ser com Rui Costa".
Crítico da gestão de Luís Filipe Vieira, o cineasta António-Pedro Vasconcelos não tem problema em realçar que, a seu ver, "o Vieira estava no Benfica porque lhe dava jeito".
"Temo o pior. Como benfiquista, quero o melhor", salientou António-Pedro Vasconcelos, referindo que, recentemente, diante do Bayern, por exemplo, em jogo da Liga dos Campeões, o Benfica foi metido "no saco".
Mas as preocupações de Vasconcelos não se resumem ao plano desportivo e competitivo da equipa de futebol principal. Em relação à vertente financeira e económica do emblema da Luz, o reputado realizador português e ex-comentador desportivo diz também que teme o que poderá seguir-se nas próximas 'cenas' a passar no clube se se der a entrada no capital da SAD de John Textor, investidor norte-americano que pretende ter uma participação na sociedade que gere o futebol encarnado.
Vasconcelos diz que esta situação começou ainda na presidência de Luís Filipe Vieira e, em relação a situações cujo 'protagonista' foi o agora ex-presidente, tem uma opinião muito clara e vincada: "Tudo em que Vieira mexe não me inspira confiança".
António-Pedro Vasconcelos diz que os benfiquistas precisam de ter mais informações para que possam ter uma tese clara sobre John Textor e a possibilidade de este entrar no capital da SAD.
"Não tenho as informações todas mas não me deixa tranquilo. O meu 'feeling' é para ficar assustado", reconheceu António-Pedro Vasconcelos, em declarações ao Record, lembrando que esta operação não se poderá realizar "às escondidas" dos associados do Benfica.
Relativamente a John Textor, o Benfica já fez saber que pediu mais informações ao investidor norte-americano para perceber os objetivos do mesmo ao entrar no capital da SAD. "John Textor ficou de enviar informação sobre intenções que tem para o Benfica", disse a direção liderada por Rui Costa.
Entretanto, ficou-se a saber que o investidor norte-americano pretenderá cotar a sociedade encarnada na Bolsa de Valores de Nova Iorque.