Prolongamento
“Textor não percebe o que se está a passar no Benfica” 
2021-07-16 22:25:00
Especialista em direito desportivo "estranha" pressa do investidor em avançar com investimento num contexto atribulado 

O investidor John Textor fez saber ontem que pretende comprar ações da Benfica SAD, independentemente da indefinição que o clube da Luz enfrenta.  

Durante um processo atribulado, o norte-americano já reiterou a intenção de investir, não obstante a controvérsia que o negócio gerou e o facto de Luís Filipe Vieira ter sido detido, afastado do cargo e, entretanto, ter apresentado a renúncia ao mandato. 

O advogado e jurista João Diogo Manteigas, especialista em direito desportivo, não compreende o comportamento do investidor, não obstante reconhecer que esta é “uma abordagem típica nos Estados Unidos”.

“John Textor não percebe o que se está a passar, ou não quer perceber. Um acionista que quer investir prefere que as coisas se resolvam, que a poeira assente e que haja mais estabilidade em redor do instrumento em que pretende investir, em vez de tentar avançar para o investimento, quase forçando-o. É um pouco estranho”, afirma, em declarações à Renascença. 

Diogo Manteigas considera que algumas das declarações do investidor, feitas ontem, foram “infelizes”. E o jurista não entende este comportamento. 

“O que me causa estranheza é a parte da visão, o entendimento de que pode abrir um mundo de oportunidades e que é essencial a comercialização de jogadores. Enfim... Ele não entendeu a gravidade do momento que Benfica SAD e clube estão a atravessar, a nível judicial”, acrescenta. 

“Parece-me que John Textor vai necessitar de alguma calma. E o Benfica necessita de prudência”, afirma o advogado. 

E o clube da Luz parece mostrar essa prudência. Num comunicado divulgado hoje, após reunião dos órgãos sociais, o Benfica fez saber que considera a operação “inoportuna”, pelo que se “oporá à mesma se oporá, no exercício dos seus direitos e deveres, caso esta matéria venha a ser sujeita a deliberação em Assembleia Geral de Acionistas da Benfica SAD”. 

Diogo Manteigas sustenta que há base legal para que o acionista adquira 25 por cento das ações da SAD. “A Benfica SAD, para bloquear esta entrada, entende que este empresário é concorrente. Ele tem vários negócios que são concorrentes. E isto pode bloquear a entrada deste acionista”, alega.