Rui Pinto admitiu ter cometido atos "ilegais" ao denunciar "graves ilegalidades e atos de corrupção" e confessou que, face à "postura violenta e vingativa" da justiça portuguesa, duvida se vai ter um "julgamento justo".
Numa mensagem enviada à Web Summit, lida pelo advogado, o arguido do caso Doyen assumiu-se como "denunciante" e revelou que, dos sete meses em que está em prisão preventiva, passou seis "em regime de isolamento".
"Não matei nem roubei", realçou o hacker, criticando a "perseguição" de que é vítima por parte da justiça portuguesa.
"Face a tudo o que tem acontecido neste processo, tenho sérias dúvidas de que terei um julgamento justo. De qualquer forma, irei lutar com todas as minhas forças para fazer valer a minha posição", garantiu Rui Pinto.
Apresentando-se como "um denunciante, um 'whistleblower' que serviu o interesse público ao expor graves ilegalidades e atos de corrupção" no mundo do futebol, o colaborador do Football Leaks admitiu que, "à luz do ordenamento jurídico português", praticou alguns atos que podem ser considerados "ilegais".
Rui Pinto foi acusado pelo Ministério Público, a 19 de setembro, de 147 crimes, 75 dos quais de acesso ilegítimo, 70 de violação de correspondência, sete deles agravados, um de sabotagem informática e um de tentativa de extorsão, no âmbito do chamado caso Doyen.
A fase de instrução do processo tem início agendado para 12 de dezembro, no Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa.