Prolongamento
"Tenho provas mas por aqui me fico, para já", diz Geraldes sobre Cashball
2021-04-13 11:25:00
"Muitos ficariam surpreendidos se soubessem de quem se trata que rezavam para que não fosse esta decisão"

O despacho de arquivamento do processo Cashball foi conhecido, nas últimas horas, e, além de não ser pronunciada a SAD do Sporting, como era sabido, o documento confirma que iliba também o ex-dirigente do Sporting, agora no Estrela da Amadora, André Geraldes que, numa primeira reação ao caso, lança suspeitas sobre algumas pessoas que não queriam esta decisão neste processo. O ex-líder do futebol leonino diz ter provas do que diz e daquilo sobre o qual lança estas suspeitas, mas não concretiza nem menciona, dizendo apenas que quer fechar o caso. "Para já", assegura, deixando no ar a possibilidade de voltar ao tema no futuro.

"Todo este processo foi um circo mediático sem precedentes", considera André Geraldes, destacando que a justiça tem lugares próprios para ser analisada e avaliada pelas autoridades. "A justiça não se faz nas televisões, demorou mas funcionou", reconheceu o antigo diretor geral dos leões, certo de que esta decisão agora conhecida não agradará a tudo e todos. E deixa no ar algumas suspeitas. "Existem pessoas - e muitos ficariam surpreendidos se soubessem de quem se trata - que rezavam para que não fosse esta a decisão".

Em declarações ao jornal Record, André Geraldes diz que essas pessoas, que não menciona, "faziam figas e desejavam isso". E o ex-dirigente do Sporting vai mais longe. "Tenho provas mas por aqui me fico, sem me alongar mais nas palavras, para já. Com sentido de justiça cumprido. Como sempre disse, aguardaria serenamente".

Em relação ao caso Cashball, recorde-se, o Ministério Público, embora não tenha pronunciado a SAD do Sporting nem o seu ex-diretor geral André Geraldes decidiu deduzir uma acusação contra três arguidos, tendo como fundamentação diversas trocas de mensagens entre o denunciante, Paulo Silva, o empresário João Gonçalves e um ex-funcionário do Sporting, Gonçalo Rodrigues. 

O processo Cashball foi tornado público em maio de 2018, numa altura em que foram detidas quatro pessoas por suspeitas de corrupção desportiva. Na altura, em relação a André Geraldes, todo o conteúdo do telemóvel tinha sido apagado antes das buscas realizadas pelas autoridades. Só que a Polícia Judiciária conseguiu recuperar com recurso a uma empresa espanhola. Em todo o caso, as autoridades entenderam que não há indícios de que o Sporting ou André Geraldes tenham estado envolvidos em qualquer prática de corrupção.

Ao longo do tempo em que o processo se foi desenrolando e as investigações, a Tribuna Expresso chegou a apresentou dados sobre este caso e revelou ter tido acesso ao relatório final da Polícia Judiciária (PJ) sobre o Cashball, realçando que o empresário Paulo Silva, único arguido do processo, recebeu 30 mil euros do Correio da Manhã, alegadamente com a finalidade de "dar uma entrevista sobre os alegados pagamentos corruptos a árbitros de andebol e jogadores de futebol". Esta situação negada de forma categórica por Octávio Ribeiro, diretor do Correio da Manhã, que considerou esta alegação de "uma loucura" e "surreal", garantindo, em declarações ao Expresso, que "não paga, nem pagou por entrevistas ou declarações".