Prolongamento
"Tal como defendo denunciantes como Rui Pinto defendo os jornalistas"
2021-01-13 17:10:00
Ana Gomes comenta caso que envolve escutas a jornalistas e lembra a sua luta na defesa do criador do Football Leaks

Ana Gomes, ativista contra a corrupção e candidata presidencial, exigiu o esclarecimento do caso da alegada espionagem a jornalistas por parte da PSP, a mando de uma procuradora do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa.

Em declarações aos jornalistas, à margem de uma iniciativa de campanha, Ana Gomes sustentou que o trabalho dos jornalistas deve ser protegido, por ser “absolutamente indispensável numa sociedade livre”.

A este propósito, a diplomata lembrou Rui Pinto, o hacker que está a ser julgado no âmbito do processo Football Leaks.

“Eu, da mesma maneira que defendo denunciantes como Rui Pinto, defendo o trabalho dos jornalistas”, afirmou Ana Gomes.

A candidata a Belém pretende recolher “todos os detalhes” sobre o caso, depois das primeiras informações que recebeu a terem deixado “muito preocupada”.

“Deixou-me muito inquieta, vou procurar saber mais informações e, se de facto não há controlo judicial, parece-me altamente preocupante”, reforçou.

Confrontada com a inexistência de um mandado assinado por um juiz de instrução, como avançado pela revista Sábado, Ana Gomes considerou que tal ato coloca em risco o “Estado de direito”.

“Parece-me completamente contrário ao que seria elementar num Estado de direito, sobretudo por ser direcionado sobre jornalistas”, frisou.

“Este tipo de fenómenos” só costuma ocorrer em “países onde foi posta em causa a independência da justiça e onde se usou alguns agentes da justiça para pervertem a democracia e Estado de Direito”, como “a Hungria”, o mesmo país onde Rui Pinto foi detido a 16 de janeiro de 2019.

De acordo com a Sábado, a procuradora Andrea Marques mandou a PSP vigiar dois jornalistas (Carlos Rodrigues Lima e Henrique Machado) para apurar uma eventual violação do segredo de justiça no caso E-toupeira, uma investigação que teve origem em informação avançada pelo Football Leaks, de Rui Pinto.

No âmbito do processo E-Toupeira, a SAD do Benfica foi investigada, mas acabou por não ser pronunciada para um julgamento que tem em Paulo Gonçalves, antigo responsável do departamento jurídico da sociedade encarnada, uma das figuras mais mediáticas.