Prolongamento
"Se Pinto da Costa for constituído arguido, qual será a reação do FC Porto?"
2021-12-03 11:35:00
"Pode correr o risco de acontecer a Pinto da Costa o mesmo tipo de medidas que o Carlos Alexandre aplicou a Vieira"

O presidente do FC Porto, Pinto da Costa, foi alvo de buscas recentes, tal como a SAD azul e branca por conta de suspeitas relativas a circuitos financeiros de verbas saídas dos cofres portistas. Para o antigo dirigente leonino e advogado de profissão Carlos Barbosa da Cruz será curioso perceber os desenvolvimentos neste caso e há questões que este admite que verá com atenção, nomeadamente a eventual resposta que os acionistas darão, caso Pinto da Costa seja constituído arguido.

"No caso de os membros do Conselho de Administração serem constituídos arguidos, o FC Porto será assistente no processo? Estou curioso de saber até que ponto há acionistas ou a própria sociedade vai reagir", comentou Carlos Barbosa da Cruz, realçando que não afasta o cenário de eventual aplicação de medidas ao presidente portista como foram a Luís Filipe Vieira, anteriormente, no âmbito do processo Cartão Vermelho, que precipitou a saída de Vieira do cargo de presidente dos encarnados.

"Se Pinto da Costa for constituído arguido, em função das suspeitas que o Ministério Público conseguir reunir, pode correr o risco de acontecer a Pinto da Costa, é um quadro hipotético, o mesmo tipo de medidas de coação que o juiz Carlos Alexandre aplicou a Luís Filipe Vieira. A questão que se coloca é qual será a reação da instituição FC Porto? Não é um cenário tão remoto", avisou o antigo dirigente dos leões.

Em relação ao que conseguiu ler dos mandados de busca, Carlos Barbosa da Cruz diz que tem algumas reservas relativamente a alguns pontos que são referidos pelo Ministério Público.

"Pagar a bruxos não é crime, acho eu. Ainda não vem tipificado no código penal", reagiu Carlos Barbosa da Cruz, acrescentando depois na leitura que fez dos mandados. "Dos termos dos mandados de busca não deduzo que exista suspeita de corrupção desportiva nomeadamente de equipas de arbitragem por parte dos visados nas buscas. Não está escrito. Só posso interpretar o que está escrito".

"Agora, se o Ministério Público não constituíu as pessoas que foram alvo de buscas é porque claramente não tem ainda prova indiciária suficiente que permita a constituição de arguido e obter de um juiz de instrução uma medida de coação proporcional à gravidade dos indícios."

Se se vierem a confirmar os negócios feitos entre a sociedade que gere o futebol portista e o agente Alexandre Pinto da Costa, Carlos Barbosa da Cruz diz que o FC Porto revelará que "está agarrado a determinadas práticas e determinados mitos que não sei se são parte da solução ou se são verdadeiramente parte do problema".

"Não faço juízos de suspeição. Parece claro que o FC Porto tinha negócios com o filho do senhor Pinto da Costa, presidente da SAD. Pagava-lhe. À luz de critérios de governação elementares o FC Porto devia proteger-se desses negócios".

"É óbvio que não deveria haver negócios de uma sociedade com o filho do presidente do conselho de administração dessa sociedade. É uma questão de princípio. São essas práticas que no FC Porto, aparentemente, são recorrentes, que já não se aplicam a um clube que quer entrar na era da modernidade. Compreendem? São situações um bocadinho jurássicas", analisou Barbosa da Cruz, em declarações na CMTV, num painel que contou também com Nuno Encarnação, gestor e conhecido adepto portista, que se mostra descontente com o que se vai sabendo.

"Assustam-me estas notícias em desfavor do FC Porto, como é evidente. Agora, a primeira coisa que gostava de ouvir era que tipo de acusação vai ser feita aos dirigentes do FC Porto, se é que algum vai ser acusado, se vai haver a constituição de arguidos, o que o Ministério Público vai apresentar como provas, todas essas situações".

"Temos lido algumas passagens que são, de facto, bastante graves, admito que me preocupa aquilo que tenho lido", insistiu Nuno Encarnação, esperando que os dirigentes possam dar explicações quando for a altura.

"Gostava que os dirigentes viessem cá fora tentar explicar aquilo que, na sua opinião, estarão seguramente injustamente a ser acusados. É isso que os adeptos do FC Porto querem ouvir nesta altura, que esta nuvem desapareça de cima do FC Porto e dos seus dirigentes. Que sejamos esclarecidos. Se é um equivoco, se há fundamento, se é uma inventona. Quero ouvir os meus dirigentes".