Prolongamento
"Salvador apercebeu-se desse vazio para montar uma estratégia do tipo Porto 2.0"
2022-08-02 11:45:00
"Não quer representar o Norte mas parte dele, uma região grande e poderosa", diz José Eduardo Simões

O SC Braga tem conhecido um crescimento grande nas últimas décadas, sobretudo desde que António Salvador assumiu o cargo de presidente do clube minhoto e da SAD bracarense. Além de negócios de venda de jogadores e treinadores, António Salvador já tem o seu nome marcado na história minhota pois foi durante os seus mandatos que o emblema arsenalista chegou a uma final europeia, perdida em 2011 perante o FC Porto, em Dublin, mas foi também com António Salvador que o SC Braga lutou até ao fim pela conquista do título em 2009/10, tendo perdido para o Benfica.

Nos tempos que se seguiram, o SC Braga não parou de crescer e muitos afirmam que o clube bracarense é, nesta altura, o dito 'quarto grande', numa discussão que alimenta conversas entre adeptos, cujos argumentos são sempre diferentes e apresentados para confirmar ou negar essa ideia.

Mas o que é certo é que, nesta altura, além de Benfica, FC Porto e Sporting o SC Braga é um dos clubes mais mediáticos no cenário do futebol nacional. E José Eduardo Simões, antigo presidente da Académica, nota que tem vindo a resultar a estratégia montada por António Salvador.

"O Apito Dourado marcou o final do reinado dos Loureiros. António Salvador apercebeu-se desse vazio e assumiu uma estratégia diferente para o SC Braga, distanciando-se de cargos cimeiros na Liga e Federação Portuguesa de Futebol", assinalou José Eduardo Simões.

O antigo responsável pela Académica nota que António Salvador "tem lá gente mas em posições discretas", tendo, em Braga, aproveitado para, perante a sua visão, "montar uma estratégia do tipo 'Porto 2.0'.

No entender de José Eduardo Simões, o SC Braga de António Salvador é "um clube que não quer representar o Norte mas parte dele, uma região grande e poderosa de gentes, empresas, entidades, universidade e forte crescimento económico e social".

É neste contexto que o antigo presidente da Académica vê o SC Braga que tenta ser um "'reino' independente dentro dos reinos do Norte".

Em declarações no jornal O Jogo, José Eduardo Simões faz notar que, de facto, António Salvador tem vindo a conseguir afirmar o clube minhoto no cenário nacional, com alguns apoios que este identifica.

"Está a conseguir com a forte presença da Câmara, das maiores empresas, da própria Igreja numa fase fulcral, de Jorge Mendes e do mérito de Salvador, presidente do clube financeiramente mais saudável do nosso futebol."

Face às circunstâncias atuais e numa altura em que os direitos de transmissão têm data para serem centralizados a nível nacional, José Eduardo Simões nota que o “grito do Ipiranga”, como lhe chama, que chega ao país desde Braga tem um objetivo na mente de António Salvador.

"Salvador não quer saber dos outros clubes da I e II Ligas. Em mente só tem o título nacional. Será que o consegue ou vai repetir-se a história de Vitória e Boavista?", interroga José Eduardo Simões.