Prolongamento
Rui Pinto ponderou receber salários da Doyen e quis saber vantagens de offshore
2020-08-12 11:55:00
Fundador do Football Leaks ter-se-á aconselhado com o seu advogado

Rui Pinto ponderou um acordo com o fundo de investimento Doyen, ponderando recorrer a uma offshore, para obter vantagens fiscais, adianta o jornal Público.

A informação consta, segundo garante aquele diário, de uma mensagem de correio eletrónico enviada em 2015. Rui Pinto contactou aquele que era então o seu advogado, Aníbal Pinto.

No âmbito desse alegado acordo, o hacker prometeria destruir todo o material que envolvesse a Doyen. O fundo de investimento não teria, a partir de então, qualquer informação divulgada no Football Leaks.

Nesse email trocado com o seu advogado, à data, Rui Pinto ter-se-á aconselhado para saber quais os regimes fiscais mais vantajosos, caso estabelecesse um acordo com o fundo sediado em Malta.

Aníbal Pinto confirmou o conteúdo deste email. “Não é ilegal recorrer a offshores. O [grupo] Jerónimo Martins também o faz”, diz o advogado, em declarações ao Público.

O advogado Aníbal Pinto sempre negou ter participado em qualquer tentativa de extorsão à Doyen, um dos crimes pelos quais o pirata informático responderá, em tribunal.

O atual advogado do hacker, Francisco Teixeira da Mota, “escusou-se a dar explicações sobre esta questão, alegando que as fornecerá durante o julgamento”, escreve o diário, na sua edição desta terça-feira.

Recorde-se que Rui Pinto é acusado de extorquir dinheiro àquele fundo de investimento que geria passes de jogadores de futebol.

Rui Pinto começa a ser julgado a 4 de setembro por 90 crimes: 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por tentativa de extorsão à Doyen.

O criador da plataforma Football Leaks (e responsável pelo processo Luanda Leaks, em que a Isabel dos Santos é a principal visada), saiu em liberdade na passada sexta-feira, por decisão da juíza Margarida Alves, encontrando-se agora inserido no programa de proteção de testemunhas em local não revelado e sob proteção policial, por questões de segurança.

O Ministério Público opôs-se à libertação, que foi justificada pela juíza Margarida Alves com a “contínua e consistente colaboração” com a Polícia Judiciária e o “sentido crítico” do criador da plataforma Football Leaks.

Depois de ser libertado, Rui Pinto recorreu às redes sociais para manifestar críticas, apontando Portugal como um paraíso para a grande corrupção.