Prolongamento
"Quiseram humilhar-nos, enxovalhar-nos, mas o tiro saiu pela culatra"
2021-11-02 09:50:00
António Oliveira lembra como FC Porto fez 'das tripas coração' para se afirmar na Europa

Último campeão europeu português, em 2004, com José Mourinho, o FC Porto tem feito da Liga dos Campeões um palco de excelência para criar dimensão e mediatismo para o seu emblema. A turma azul e branca tem colecionado feitos além fronteiras na mais prestigiada prova do 'velho continente'. 

E se os triunfos conquistados têm possibilitado ao clube de Pinto da Costa colher fama e mediatismo, não é menos verdade que as vitórias têm ajudado também Portugal a subir no ranking de clubes da UEFA. E entre as muitas vitórias já alcançadas está uma em San Siro, uma das catedrais do futebol mundial que, há cerca de 25 anos, testemunhou uma das mais épicas vitórias em tons de azul e branco.

A 11 de setembro de 1996, o FC Porto de António Oliveira mostou à Europa do futebol que não estava na 'passadeira' de Milão para ajudar no desfile mas queria, isso sim, ser figura principal.

O Milan de Maldini, Boban, George Weah, Desailly e Roberto Baggio ainda esteve na frente por duas ocasiões mas o FC Porto, de Mário Jardel, Artur, Sérgio Conceição e Aloísio conseguiu vencer por 3-2.

António Oliveira lembra esse poderoso Milan e a forma como as previsões apontavam para um desfecho complicado para as cores portistas. Ao mesmo tempo, o ex-selecionador nacional recorda como a receção transalpina ajudou a 'picar' os jogadores do FC Porto para que pudessem partir para uma noite de glória.

O técnico à data dos azuis e brancos refere que os responsáveis do Milan iam passando imagens dos golos que o FC Porto foi sofrendo nessa época, algo que, para Oliveira, foi "considerado como provocação e tentativa de humilhação".

"Lembro-me perfeitamente que estava a dar uma volta ao estádio antes de ir para o balneário e vi as imagens expostas nos ecrãs, passadas diversas vezes", confirma Oliveira, referindo o que sentiu nessa altura.

"Quiseram humilhar-nos, enxovalhar-nos, mas o tiro saiu-lhes pela culatra. Aproveitei essa deselegância como fator motivacional para o grupo", diz Oliveira, sublinhando que pediu aos seus jogadores para, como se diz na Invicta, 'fazer das tripas coração'.

"Foi uma espécie de abraço coletivo dentro de campo e anulámos a altivez e arrogância de um Milan, que, repito, era só a melhor equipa do Mundo. Aquela equipa não tinha defeitos, mas distraiu-se connosco e pagou caro o preço de nos subestimar", revela Oliveira, em declarações ao jornal A Bola, sustentando que essa jornada é uma espécie de lição para o ADN do FC Porto.

Nessa jornada europeia, Sérgio Conceição, hoje timoneiro portista, foi a jogo com o dragão ao peito e Oliveira lembra que agora tal como no passado só tem coisas boas a dizer do técnico.

"Tem uma qualidade humana enorme e enormes virtudes enquanto treinador. Quem não vê isso não percebe nada de futebol. Do ponto de vista de como organiza as suas equipas em campo, é notável".