O Sporting prepara-se para ir a eleições em março e, nos bastidores do clube de Alvalade, os associados vão-se movimentando tendo em conta o sempre importante momento em que se escuta a vontade dos associados na assembleia eleitoral. Se, por um lado, o atual presidente ainda não oficializou a candidatura a novo mandato, por outro, a oposição já se vai fazendo notar, apresentando-se com vontade de avançar para as eleições com ideias e projetos para aquilo que entendem que deve ser a vida do leão nos próximos anos.

Henrique Monteiro, antigo dirigente do Sporting, que participou das equipas administrativas leoninas no pós-Bruno de Carvalho, alinha pela ideia de que Frederico Varandas, se for a eleições, acabará por vencê-las. "Frederico Varandas e a equipa que ele escolher serão praticamente imbatíveis."

Ainda assim, o antigo dirigente nota que não há 'vitórias cantadas' antes de tempo. "Mas insisto que toda a sorte pode mudar e, neste caso, as feridas antigas estão por sarar, porque nunca se tratou delas a sério", avisou Henrique Monteiro, falando depois na questão do número de votos que cada sócio tem direito no momento da decisão.

Como se sabe, em Alvalade, nem todos os associados têm direito a igual número de votos, dependendo essa questão do número de anos de ligação associativa ao emblema verde e branco.

Mesmo compreendendo que um voto por sócio seria uma questão "democrática", Henrique Monteiro sublinha que "não é errado dizer que são, sobretudo, os sócios com mais votos por antiguidade que preservam o espírito do que é o clube".

A respeito desse tema, o antigo dirigente leonino dá como exemplo o que faz o FC Porto onde Jorge Nuno Pinto da Costa se prepara para atingir os 40 anos de presidência no clube nortenho, onde é aplicada a lógica de um voto por cada sócio.

Mas também por aqui Henrique Monteiro levanta dúvidas, uma vez que o atual presidente dos azuis e brancos é líder do emblema portista há quase 40 anos, "feito que nem Salazar conseguiu como chefe do Governo, e tinha uma ditadura a sustentá-lo".

"Já por aqui se vê que aqueles que apelam muito à democracia, nem sempre são os maiores democratas", apontou Henrique Monteiro, em artigo de opinião nas páginas do jornal A Bola, onde sublinhou também que um presidente/líder que se eterniza 40 anos no mesmo cargo de liderança "sabe que o seu tempo já passou" mas que se "aguenta por artimanhas várias".

Por outro lado, o antigo dirigente verde e branco admite que os adeptos podem justificar a presidência longa de Pinto da Costa com os títulos que vai conquistado ao longo do seu 'reinado'. 

Porém, para este argumento, Henrique Monteiro deixa uma resposta. "Talvez seja isso, e talvez seja o que nos devemos interrogar: porque razão venceu tantos? Seria apenas por ser melhor? Por sorte? Ou houve muito para além disso?", questiona o antigo dirigente do Sporting.