“Não senti que Vieira se aproveitava do Benfica”, diz ex-presidente da Mesa da AG
O antigo presidente da Mesa da Assembleia Geral do Benfica confessou que sentiria uma “grande deceção”, se as acusações contra Luís Filipe Vieira se viessem a confirmar. “Não senti que Vieira se aproveitava do Benfica. Se ele for condenado, terei uma grande deceção”. Rui Pereira aponta para uma “situação muito grave” que se está a verificar e que “entristece os sócios e simpatizantes” do Benfica, que há algumas décadas enfrentaram um outro momento delicado com João Vale e Azevedo.
“Passámos por uma experiência traumática com Vale e Azevedo”, recorda Rui Pereira, sublinhando que Luís Filipe Vieira tem outra posição no Benfica, pois tem “obra feita” e “recuperou a imagem” do clube e também o projetou ao nível das “infraestruturas e as contas”, declarou o antigo dirigente encarnado que, recentemente, saiu do clube, evocando divergências com a direção no que toca ao agendamento de uma Assembleia Extraordinária requerida por associados.
“Não temos uma relação de grande proximidade, falei com ele duas ou três vezes por telefone enquanto presidente da Assembleia Geral. Espero que não se confirme o que tem vindo a lume, mas se acontecer a nação benfiquista ficará muito magoada.”
Rui Pereira entende ainda que será o fim da linha para Vieira como presidente se ficar em prisão preventiva, pois “foram imputados crimes graves” como “fraude fiscal agravada, burla qualificada, branqueamento e abuso de confiança”.
Para o ex-dirigente, no caso de ser aplicada uma medida de coação de prisão preventiva a Luís Filipe Vieira, a obrigação de permanência na habitação, proibição de encontros com membros da Direção ou se não puder frequentar instalações do Benfica, Vieira “não tem condições para exercer o mandato.”
Rui Pereira insiste que “é muito grave um presidente ter uma acusação com pena superior a três anos.” O antigo ministro e um dos fundadores do Observatório da Segurança, da Criminalidade Organizada e do Terrorismo (OSCOT) aludiu ainda ao facto de que os crimes que são imputáveis a Vieira serem “todos eles puníveis com pena até oito anos” de prisão.
O presidente do Benfica, recorde-se, foi detido, recaíndo sobre Luís Filipe Vieira suspeitas de burla, abuso de confiança e branqueamento de capitais.
Em comentário na CMTV, Rui Pereira abordou ainda a situação que levou ao seu pedido de demissão, recentemente, salientando que acredita que as coisas poderiam ter decorrido de outra forma, certo de que a Assembleia Geral ainda se irá realizar.
“Fiquei dececionado”, admitiu, deixando claro que o presidente das águias não lhe fez pressão. “Vieira não me pressionou”, garantiu Rui Pereira, realçando que os “sócios portaram-se com decência, mas há sempre conflitos”.
