Prolongamento
"Os paizinhos querem algum para ficar bem de vida. Não beijem o símbolo"
2022-01-27 13:15:00
"Amor ao clube, que alguns acham que deve existir, desaparece em função do dinheiro", lamenta Octávio

O futebol mudou e o mercado de transferências tem cada vez maior peso nas grandes decisões muito por culpa do dinheiro. Há vários anos que clubes com pouca ou nenhuma tradição se tornaram verdadeiros 'tubarões' do futebol, tendo por base um confortável sustento financeiro promovido por milionários que investem muito do que têm nesta área.

As transferências de milhões são já uma prática comum nos grandes campeonatos, com as grandes estrelas e serem cativadas por milhares de euros que caem nas suas contas e dos seus representantes, patrocinando assim sucessivas mudanças e até surpreendentes contratações, algumas vezes de jogadores de um emblema carismático para um sem tradição mas com muito dinheiro.

Essa realidade é já frequente no futebol de topo mas Octávio Machado chamou a atenção para aquilo que vê que vai acontecendo também ao nível das camadas mais jovens.

A este propósito, e culpando os "paizinhos", o antigo treinador de FC Porto e Sporting revelou que o chamamento do dinheiro acabou com o amor aos clubes.

"Que não se beije o símbolo da camisola, que não se diga que há amor extremo ao clube porque se o paizinho levar uns milhões o miúdo vai logo embora", lamentou Octávio Machado, prosseguindo o tom crítico, esclarecendo que estava a falar de "miúdos".

"Este amor ao clube, que alguns acham que deve existir, desaparece em função do dinheiro. É uma realidade, é a realidade do mercado, estamos a falar de miúdos", acrescentou Octávio Machado, em declarações na CMTV.

Por outro lado, o antigo treinador de leões e dragões referiu ainda que se antes era uma realidade que se via ao nível do futebol dos mais velhos, hoje já se vê nas camadas jovens. E isso preocupa-o.

"Até os miúdos hoje estão expostos a estas propostas, a estes encantos do dinheiro e não resistem porque os paizinhos, e é verdade, querem algum para ficarem bem de vida", precisou Octávio Machado, certo de que o dinheiro tem sempre a última palavra, ultrapassando até sentimentos de "amor" aos clubes.

"Aquilo que é a gratidão ao clube, a formação, a união que existe e às vezes é divulgada, não existe no mercado como está", atirou Octávio Machado, antigo treinador de futebol que, há poucos anos, exerceu também funções como diretor-geral do Sporting, na altura em que o técnico Jorge Jesus treinava o clube de Alvalade e Bruno de Carvalho era o presidente do emblema verde e branco.