Prolongamento
"O que havemos de fazer? Uma revolução? Já não há cravos", diz Pinto da Costa
2021-08-06 09:40:00
Presidente portista num tom muito crítico com governantes

O presidente do FC Porto insiste nas críticas aos responsáveis políticos e, no mais recente episódio 'Ironias do Destino', no Porto Canal, aborda o impacto provocado pela pandemia de Covid-19 nas finanças do clube e mesmo na vida desportiva dos clubes que, a dado momento, viram os seus atletas ficarem em casa, quando foi decretado o recolhimento obrigatório da população.

"Havia muita gente a forçar que acabasse. Chegou a haver um inteligente que veio defender que não devia haver campeão nesse ano, que devia ser o campeão anterior, que por acaso era o Benfica", recorda Pinto da Costa, lembrando ainda que, por essa altura, em março de 2020, a equipa continuou a treinar "normalmente, mesmo quando foi imposto o recolher obrigatório".

"Todos tinham um plano de trabalho e seguiam à risca. Houve um cuidado extremo com a alimentação", confirmou Pinto da Costa, salientando que quando foi permitido o regresso da competição o FC Porto "apresentou-se como se nada tivesse acontecido". "Os índices físicos estavam iguais a quando a época foi interrompida".

Concordando que se viveram tempos complicados, o líder dos azuis e brancos sustenta que todos no clube conseguiram enfrentar o contexto pandémico dentro da melhor forma possível, mencionando o nome de Nakajima que é a exceção a esta regra. "Só o Nakajima é que foi impossível, porque meteu na cabeça que não podia sair de casa e recusava-se a ir treinar."

Pinto da Costa diz não compreender como é que modalidades como o andebol e o basquetebol, por exemplo, não tiveram autorização para regressarem à competição com testagem dos participantes. "São daquelas coisas que ainda hoje ninguém percebe."

O presidente dos dragões foi ao longo do último ano e meio uma das figuras mais mediáticas a apelar às entidades governativas e de saúde para que fosse dada permissão aos adeptos para, com regras, pudessem voltar aos estádios. Pinto da Costa diz que mesmo António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa lhe chegaram a dar razão. "Todos me deram razão. Todos diziam que não havia motivo para não haver público, o que é certo é que não havia."

Após a paragem do campeonato por causa da covid-19, a competição voltou e o FC Porto acabaria por se sagrar campeão nacional, ainda que sem o tradicional desfile do plantel pelas ruas da Invicta. "Se fôssemos de autocarro, como se chegou a pensar, passear pelas ruas do Porto era o mesmo que dizer às pessoas para saírem de casa. Não fizemos a ida do estádio à Câmara, não fizemos nada."

Mesmo com impedimentos e o receio do contexto pandémico a pairar sobre as pessoas, o FC Porto teve em 2020 um ano de sucesso, conquistando o campeonato, a Taça de Portugal e a Supertaça Cândido de Oliveira. Tudo vitórias sem público nos estádios, na sequência de decisões que Pinto da Costa não compreende.

"Há outras decisões tomadas posteriormente que ninguém compreende, mas que é que havemos de fazer? Uma revolução? Já não há cravos", ironizou o líder máximo do FC Porto, que deu conta, no Porto Canal, nesta série documental, das dificuldades financeiras que o clube tem vindo a enfrentar em consequência da pandemia.

"Quando precisámos de ajuda foi-nos dado zero. Não é 0,1, é zero", assegurou Pinto da Costa, apontando críticas ao Novo Banco, contando um episódio no qual nem mesmo com Fernando Gomes, presidente da FPF, a assegurar que o clube pagaria um empréstimo com dinheiro que estava pendente na UEFA, a entidade bancária emprestou a verba aos azuis e brancos.

"O presidente [Fernando Gomes], junto do Novo Banco, explicou-lhes que o FC Porto ia receber uns milhões da participação na UEFA e que esse dinheiro vinha através da FPF que se comprometia a pagar ao Novo Banco diretamente esses dois milhões. Risco nenhum... O negócio dos bancos é emprestar dinheiro, mas pelos vistos, agora, é estragar dinheiro. Depois de todas essas garantias esse empréstimo foi recusado."

Realçando que alguns dizem que António Ramalho, líder do Novo Banco, é um "iluminado", Pinto da Costa sustenta que não teve ajudas daquela entidade bancária mas as suas críticas não se ficam por aí e volta a lamentar que o Estado não devolva uma verba que tem que diz respeito aos cofres azuis e brancos.

"O Estado deve-nos de devolução do IVA e o dinheiro está lá e empurram uns para os outros. Falei nisso ao primeiro-ministro na final da Champions e julgava que estava resolvido. Está, mas para o lado deles, que é onde está o nosso dinheiro".