Prolongamento
O 'galo' de Barcelos vai voltar a cantar e a reconstrução do Gil Vicente é total
2018-08-29 20:45:00
Esta época, o Gil Vicente joga para fazer crescer os jovens talentos. Em 2019/20, dá-se o regresso aos grandes palcos.

O Gil Vicente caiu… o Gil Vicente reergueu-se… o Gil Vicente voltou a cair... e agora está prestes a regressar aos grandes palcos do futebol português, após ver a justiça ser reposta cerca de 12 anos depois do tão infamo ‘Caso Mateus’, que atirou os gilistas para fora da elite do desporto rei nacional em 2006. Atualmente a competir no Campeonato de Portugal, competição na qual os jogos da equipa de Barcelos não contam devido à reintegração no principal escalão em 2019/20, os gilistas adotaram a primazia por um plantel jovem que servirá como base da equipa de sub-23 para a próxima temporada. Sim, o Gil Vicente também vai participar na Liga Revelação. Relativamente a jogadores para a Primeira Liga, o esboço será feito praticamente do zero, ainda que com algumas jovens promessas que serão a exceção à regra.

O Bancada esteve à conversa como aquele que comanda o Gil Vicente, mais precisamente o treinador Nandinho, que explicou esta aposta por um plantel jovem. “O que foi projetado por nós é que a equipa que estamos a formar no Campeonato de Portugal é uma na qual a base será a equipa de sub-23 para o próximo ano que o clube vai ter. Então, estamos com um plantel estruturado nessa base e tentar ver aqui alguns jogadores com potencial para poderem integrar um plantel de Primeira Liga, que será quase novo”, deu a entender o técnico em declarações ao Bancada.

Pois bem, um dos principais objetivos do Gil Vicente para esta temporada passa exatamente por conseguir o crescimento futebolístico dos jovens que vestem a camisola do clube, com os olhos postos já na competição que vão encontrar no principal escalão. “Daqui tentarmos tirar o máximo de jogadores possíveis, que mostrem realmente capacidade e qualidade para poderem integrar o plantel do principal escalão. A maior parte deste plantel será a base da equipa de sub-23 da próxima época. Fazer crescer estes jogadores, ver quais são aqueles que terão potencial de poder integrar um plantel de Primeira Liga e tentar criar uma base e uma estrutura para o campeonato de sub-23 na próxima temporada, para não ter que ser construída uma equipa de novo… até porque isso será feito na Primeira Liga”, referenciou ainda Nandinho.

O plantel gilista para esta época. Crédito: Gil Vicente/Facebook

Ora bem, se é dado a entender que o plantel do Gil Vicente na temporada de regresso à elite do futebol português será praticamente totalmente novo, impõe-se uma questão: os alvos para 2019/20 já estão referenciados? O treinador Nandinho não hesitou em responder. “Vamos fazendo isso ao longo da época, até porque há jogadores que vão terminar contrato e temos isso em atenção. Há jogadores que ainda têm contrato e podem interessar. Por isso, será feito ao longo da temporada e é normal que a partir de janeiro as coisas se comecem a intensificar mais, as próprias abordagens, até porque há jogadores que já poderão ser contratáveis”, revelou o timoneiro dos ‘Galos de Barcelos’ ao Bancada.

Jogar sem pontuar… mas ainda assim motivar

O facto de a reintegração do Gil Vicente na Primeira Liga ter sido votada pelo G14 apenas para 2019/20 tem consequências. Uma delas é que a presença do clube de Barcelos pelo terceiro escalão nesta temporada seja um pouco ‘fantasma’... isto porque os compromissos do Campeonato de Portugal que envolvem os gilistas não contam para a pontuação. Ora bem, nas três jornadas já disputadas na Série A, o Gil Vicente saiu triunfante de todas elas (3-0 ao Caçadores das Taipas, 2-0 à AD Oliveirense e 1-0 ao FC Vizela), mas quando se olha para a tabela classificativa vê-se a equipa com zero pontos. Frustrante? Há quem diga que isto seja jogar para nada, mas Nandinho vê a situação de outra forma totalmente distinta.

“Os jogadores sabiam desde o início que a situação era esta. De qualquer forma, nós temos a nossa competição interna, para nós os jogos valem, a competição existe, o calendário existe, independentemente de não contar para os outros clubes e para quem organiza. Para nós conta, porque estamos a representar o clube, queremos dar uma boa imagem, os jogadores sabem que apenas sendo competitivos e mostrando capacidade é que poderão ambicionar chegar ao plantel principal”, salientou o técnico dos ‘Galos de Barcelos’, fazendo assim passar uma mensagem aos jogadores que compõem o atual plantel.

Nandinho e a equipa técnica dos gilistas. Crédito: Gil Vicente/Facebook

Assim sendo, a motivação (ingrediente tão fundamental para manter a competitividade no futebol) continua lá, mesmo sem os pontos realisticamente somados na tabela. “O nosso foco, ambição e motivação são diários e nos jogos temos que os demonstrar. Para nós, é como se valesse pontos, tentamos sempre apresentar uma equipa competitiva, queremos sempre ganhar e as equipas que jogam contra nós também o fazem”, referiu Nandinho. O timoneiro deu ainda conta de que também não vislumbra diferenças na forma como as outras equipas encaram os duelos com o Gil Vicente em comparação com os restantes adversários, mesmo que essas partidas não resultem na pontuação. “Nos três jogos que disputámos para o campeonato, os clubes apresentaram as equipas que jogaram normalmente contra os outros, até porque querem deixar uma boa imagem e estão a jogar contra o Gil Vicente. Não temos sentido diferenças, até porque ninguém gosta de perder.”

Ao invés daquilo que acontece no Campeonato de Portugal, a prova rainha do desporto rei nacional é uma para a qual o Gil Vicente conta totalmente nesta temporada. Como todos aqueles que sonham com o Jamor, os gilistas não fogem à regra, mas sabem bem que o caminho tem que ser feito jogo a jogo, com todos os obstáculos que podem encontrar e sem delinear planos. “É a única competição em que estamos inseridos. Só que é uma prova a eliminar, a meta é passar a primeira eliminatória, que é a próxima. Depois vamos vendo… conforme os adversários que forem surgindo. Não podemos delinear que queremos chegar ali… o objetivo é o mesmo que todos os outros clubes, ou seja ganhar a Taça ou tentar chegar à final, só que até lá há um longo percurso a percorrer. Tem que ser eliminatória a eliminatória. Primeiro pensar no Vianense [9 de setembro], que vai ser difícil. Se passarmos essa, é pensar na próxima, não há grandes planos a fazer”, considerou Nandinho.

O 'Cidade de Barcelos' prepara-se para voltar a encher

12.046 lugares. É esta a capacidade do Estádio Cidade de Barcelos, casa do Gil Vicente, que se prepara para voltar a ser um dos palcos do principal escalão do futebol português. No que diz respeito à atmosfera vivida em torno do clube nesta temporada, o treinador Nandinho não vê muitas diferenças nas assistências relativamente à época passada, quando os gilistas competiam por pontos, contrariamente a este ano. “Aquilo que eu vejo é que as pessoas que seguiam e iam ver o clube quando estava na Segunda Liga continuam a seguir o clube, mesmo sendo no Campeonato de Portugal e não havendo pontos em disputa. Não há grandes diferenças de assistências, temos tido boas dentro da realidade do clube.” Não obstante, o técnico sabe que o principal escalão traz sempre maior visibilidade e com isso mais adeptos ao recinto. “Claro que na Primeira Liga haverá certamente maior moldura humana, não só da nossa parte, como também dos clubes que competem nessa liga, porque trazem sempre mais adeptos e existe outra visibilidade.”

A atmosfera no Estádio Cidade de Barcelos neste início de época. Crédito: Gil Vicente/Facebook 

Por falar em Nandinho, o próprio técnico deu a entender que pretende continuar a fazer parte do projeto na época de reintegração na Primeira Liga, até porque foi isso que ficou discutido aquando do acordo do contrato por dois anos com o clube. Ainda assim, o treinador sabe que no futebol o amanhã nem sempre é garantido, mas a construção de plantel para 2019/20 que a equipa técnica vai estar a efetuar é precisamente no sentido da continuidade.

O ano de 2006 marcou para sempre a história do Gil Vicente e consequentemente a do futebol português. Como resultado, os gilistas caíram dos grandes palcos do desporto rei nacional, aos quais ainda conseguiram regressar uns anos mais tarde… mas foi sol de pouca dura (quatro épocas). Como será desta vez? Assistiremos a um retorno como foi o do Boavista, que conseguiu aguentar as primeiras temporadas do regresso e tem vindo a subir de classificação? Só o tempo o dirá e até lá, os ‘Galos de Barcelos’ têm esta época para fazer crescer os jovens valores do clube e planearem o plantel para o ataque à Primeira Liga em 2019/20.