O jogo do FC Porto contra o Moreirense da última temporada ficou marcado por desacatos no exterior do Estádio Comendador Joaquim de Almeida Freitas, alegadamente, entre um agente de futebol que estava próximo de Pinto da Costa nas imediações do recinto desportivo e um repórter de imagem da TVI que se queixou de ter sido agredido.

O Ministério Público fez saber agora que acusou o empresário de futebol de agredir um operador de câmara da TVI nas imediações do estádio do Moreirense, no final de um jogo entre este clube e o FC Porto, em abril de 2021, tratando-se de um momento que, no entender do ex-dirigente do Sporting Carlos Barbosa da Cruz, merece condenação.

"O FC Porto tem uma convivência difícil com a liberdade de expressão não é?", interroga o sportinguista, advogado de profissão, que já fez parte da administração verde e branca.

Carlos Barbosa da Cruz sustenta que, em relação aos acontecimentos de Moreira de Cónegos, não é possível afastar o FC Porto desta situação. "Retirar a imagem do clube não. É evidente que ninguém ligado ao clube, até ao momento, foi acusado formalmente. No contexto em que esta sempre lamentável ação foi tomada é um contexto que ainda hoje me deixa bastante perplexo."

"Isto foi feito porquê? Aparentemente, o repórter estava a filmar uma conversa entre o presidente do FC Porto, o agressor e mais uma pessoa. Parece que, de repente, o agressor decidiu intimidar o jornalista, fazendo justiça pelas próprias mãos".

Em comentário na CMTV, Carlos Barbosa da Cruz lamenta que a pessoa em questão agora acusada pelo Ministério Público tenha "provocado o lamentável acontecimento que choca toda a gente".

"É um atentado à liberdade de expressão na sua forma mais primária", referiu o advogado, não compreendendo as motivações para que tal acontecimento tenha ocorrido.

"Ainda hoje não percebo o porquê de ele fazer isso. Por zelo? Para mostrar dedicação ao seu chefe? Não percebo. É um ato tão chocante que dificilmente encontraremos explicação", vaticina Carlos Barbosa da Cruz.

O antigo dirigente do Sporting lembra ainda que o emblema da Invicta revela episódios de "convivência difícil" com a comunicação social e dá um exemplo. "O Record teve de recorrer à Entidade Reguladora para a Comunicação Social para ser admitido no Estádio do Dragão porque o FC Porto pura e simplesmente entendeu que não tinha acesso ao Dragão."

"Quando falo em alguma dificuldade do FC Porto de convivência com a liberdade de expressão este é um exemplo", concluiu Carlos Barbosa da Cruz a este respeito.