O treinador do Al Hilal, Leonardo Jardim, concedeu uma entrevista ao Expresso, onde recordou a sua passagem pelo Sporting, numa altura em que o clube de Alvalade recuperava do ‘pesadelo’ da pior classificação de sempre. Confrontado com a dificuldade da missão de reerguer a equipa de futebol, o técnico desdramatiza, rebatendo a ideia de que se tratou de um desafio duro.
“Treinar o Sporting era um dos objetivos da minha carreira. Fui para o Sporting porque queria mesmo treinar o Sporting, não foi por salários”, afirma. Mas se por um lado Leonardo Jardim estava a cumprir um objetivo de carreira, por outro sabia que o clube “nem sequer tinha dinheiro para contratações”.
“Os nossos reforços foram o Slimani, que vinha da Argélia, e o Montero, que fomos buscar aos EUA. Tivemos de ir a estes mercados para reforçar a equipa porque não havia recursos. O Bruno de Carvalho penso que nessa altura fez uma boa gestão”, elogia.
O técnico refere que “foi fácil trabalhar” com aquele plantel, formado por jogadores com “muita ambição”, com “miúdos novos que queriam ganhar, jogar”, sendo que “muitos nunca tinham tido a oportunidade de serem titulares”.
“Foi um ano engraçado. Desportivamente correu bem e em termos de trabalho criámos uma excelente dinâmica”, lembra. São boas memórias, não obstante o Sporting não ter conquistado o título.
“Perdemos o campeonato, penso, naquele jogo da Luz, quando o vento deitou parte da pala abaixo. O jogo é adiado para o dia seguinte”, recorda, numa alusão a um incidente na cobertura do Estádio da Luz, em 2024, episódio que deitou por terra o efeito surpresa do onze de Leonardo Jardim, num clássico com o Benfica treinado, na altura, por Jorge Jesus.
“Em termos estratégicos, íamos apostar em dois avançados para esse jogo e no dia seguinte a surpresa já não funcionou da mesma forma. Eu acho que o Jorge Jesus deve ter sabido da mudança e ainda conseguiu adaptar. Se esse jogo tem caído para o nosso lado, podíamos ter sido campeões”, afirma, convicto.
Leonardo Jardim refere ainda que deixou o projeto no Sporting “com pena”, até porque o título de campeão nacional poderia ter sido conquistado – graças à qualidade de uma equipa jovem e ambiciosa, que apresenta aqueles mesmos atributos daquela que Rúben Amorim orienta, atualmente.
O técnico assume que esperava mais condições, na segunda época, depois do vice-campeonato e com o Sporting qualificado para a Liga dos Campeões.
“Saí com pena, mas sempre fui muito frontal com o Bruno de Carvalho. Fui para o Sporting e no primeiro ano a minha preocupação não era a questão financeira. A preocupação era que o Sporting passasse aquela fase do sétimo lugar e conseguisse estar na luta. Mas depois de sermos vice-campeões, de qualificar a equipa para a Champions, não podíamos voltar ao recrutamento que tínhamos feito. Não aconteceu, e também foi por causa disso que saí para o Mónaco”, conta, nesta entrevista ao Expresso.
Hoje, Leonardo Jardim treina o Al Hilal, que ontem recuperou de duas desvantagens no terreno do Al Shabab, mas não conseguiu melhor do que um empate (2-2), que custou a perda da liderança isolada do campeonato da Arábia Saudita, à sexta jornada.
O Al Hilal teve na equipa titular o ex-portista Moussa Marega e os ex-sportinguistas Luciano Vietto e Matheus Pereira.
Com este resultado, o Al Hilal, que disputou somente cinco jogos e cedeu dois empates nos últimos três desafios, soma agora 11 pontos, no segundo lugar, a um ponto do Al-Itthihad, que perdeu na ronda inaugural, mas depois somou quatro triunfos consecutivos.