O humorista Ricardo Araújo Pereira, assumido adepto do Benfica, criticou a escolha de Rui Costa para suceder a Luís Filipe Vieira na presidência das águias, lembrando que o antigo médio “esteve ao lado” do ex-presidente no tempo dos atos que o Ministério Público considera suspeitos.

“Eu vou aderir à hipótese de benevolente, porque há as hipóteses de cúmplice, conivente e a menos grave: a de totó. Quem está numa direção e ao lado está um tipo a fazer aquilo e não percebe nada é totó. Pode um totó dirigir o Benfica? A minha opinião é que talvez seja melhor não”, afirmou.

“Mesmo partindo do princípio que esta é a hipótese mais benevolente, não sei se recomendo essa pessoa para ser [presidente]. Neste momento, é Rui Costa e toda a Direção que esteve ao lado de Luís Filipe Vieira nestes anos”, continuou Ricardo Araújo Pereira, no comentário para o 'Governo Sombra', da SIC.

E apontou o comunicado da Direção a realçar que o Benfica não tinha sido constituído arguido na operação Cartão Vermelho, ao contrário do que aconteceu com o então presidente, Luís Filipe Vieira.

“Sobre o comunicado do Benfica, diz-se que não é arguido. Pois não, é a vítima. Essa é que é a questão. Os estatutos do Benfica dizem que, em caso de impedimento do presidente, ele escolhe o vice-presidente que lhe sucede. Dá-me a sensação que quem redigiu os estatutos, por uma razão que a esta distância podemos considerar ingénua, não previu o seguinte: que o presidente do Benfica pudesse não ser benfiquista; em segundo lugar, que fosse preso”, afirmou.

Ricardo Araújo Pereira, que declarou publicamente o apoio ao candidato João Noronha Lopes nas eleições de outubro de 2020, assumiu ter dificuldades em considerar que Vieira esteja ´limpo’ das suspeitas que lhe são imputadas, mesmo respeitando “muito” a presunção de inocência.

“Tenho dificuldade em considerar que toda esta gente do sistema de Justiça é mentecapta. De repente, são mentecaptos e metem um tipo nos calabouços para depois lhe dizer assim: ‘Desculpe, foi engano’. Há enganos, não há dúvida. Há o caso de Azeredo Lopes”, argumentou, referindo-se ao ex-ministro da Defesa que é arguido no processo de Tancos, com o Ministério Público (que o tinha acusado) a pedir agora a absolvição.

Ainda sobre Vieira, o humorista apontou o facto de só se ter “lembrado” de proteger os interesses do Benfica ao final do segundo dia de detenção: “O Vieira lançou um comunicado a dizer que o Benfica está primeiro. Ao fim de duas noites na cadeira ele disse: ‘Alto que o Benfica está primeiro’. O que faria se estivesse em último...”.

“A caminho da detenção não se lembrou disso, nem na primeira noite na cadeia, nem quando foi presente ao juiz para se inteirar dos factos. Na segunda noite lembrou-se que o Benfica está primeiro”, concluiu Ricardo Araújo Pereira.