Prolongamento
"Não sei como descrever a sensação de atirar terra sobre o caixão de um filho"
2019-11-01 16:30:00
Danilo, filho do antigo internacional brasileiro, perdeu a vida durante um jogo de futebol com amigos

Cafú, ex-jogador de futebol com passagens pela Roma, AC Milan e seleção do Brasil, perdeu o filho Danilo, de 30 anos, no passado dia 4 de setembro. Ambos jogavam futebol com amigos, quando o jovem desfaleceu. Foram de imediato para o hospital, mas Danilo, que sofria de aterosclerose coronária, não resistiu. 

Pela primeira vez desde o sucedido, Cafú falou publicamente à revista 'Veja', num depoimento emocionante onde não conteve as lágrimas várias vezes. 

"Tínhamos um jogo com amigos para o dia 5, mas eu ia fazer uma viagem de trabalho aos Estados Unidos e antecipei a partida. O Danilo estava na mesma equipa que eu. Saiu num intervalo e eu continuei jogar, mas uns três minutos depois reparei num tumulto fora de campo. Por curiosidade fui ver o que estava a acontecer e deparei com o meu filho a sofrer convulsões", começa por contar. 

Cafú recorda que não podia esperar pelos bombeiros, que demorariam cerca de 10 minutos a chegar. Pediu para retirarem as crianças do local, pegou no filho ao colo e levou-o de carro para o hospital. 

"Ele já estava pior quando chegámos. Os médicos tentaram reanimá-lo de muitas formas. Depois de meia-hora, um médico chamou-me a um canto. 'Doutor, não precisa de dizer nada, estou a ver que ele não responde', disse-lhe. Fiquei de pé, a rezar e a pedir a Deus que não levasse o meu menino. Não foi possível", recorda, sem evitar as lágrimas. 

"Enterrar um filho longe do contexto geral, de tudo o que você sente ao longo da vida. A cada cinco dias vou ao cemitério visitar o túmulo. Não assimilei o que aconteceu. Ainda não tive coragem de entrar no quarto. O meu filho Wellington juntou as coisas dele e doou tudo. Nunca mais pisei o campo onde aconteceu a convulsão. Não sei como descrever a sensação de atirar terra sobre o caixão de um filho, sabendo que ele não vai voltar. A morte de um filho acompanha um pai e uma mãe para o resto da vida", acrescentou. 

Quase dois meses depois da tragédia, Cafú admite que os dias são vividos com muito choro.

"Choro em geral no trânsito e ligo para os meus amigos apenas para chorar. Eles até sabem e ficam calados, então eu choro, choro e choro. Chorar alivia o peito", termina. 

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