“Tomei notas. Ele dedicou 18 minutos a atacar-me. De cada vez que ele me ataca eu acho que fico com mais credibilidade”, começou por dizer a ex-eurodeputada, no seu comentário semanal na SIC, desde domingo.
Ana Gomes reagia às palavras de José Miguel Júdice, também na SIC, que comparou a diplomata a André Ventura e disse que a socialista “não gosta de clubes de futebol”.
“É absurdo. Não gosto de futebol, mas não tenho nada contra os clubes – até pelo papel social que desempenham. Agora, não gosto dos negócios obscuros que estão associados, muitas vezes, a certos clubes”, afirmou.
Ana Gomes deu como exemplos os “negócios como os que condenaram o Manchester City, de falsificação de contas, ou por falsificação de resultados, como o que aconteceu com o Leixões”.
“Enfim, negócios esquisitos, que temos, infelizmente, abundantes. E que têm, muitas vezes, como instrumentos certas sociedades de advogados, como é o caso do doutor José Miguel Júdice – e não estou a dizer que todos os advogados sejam desonestos ou que se prestem a isso. Enfim, todos os escritórios que fazem advocacia de interesses”, diz.
Ana Gomes acusa ainda Júdice de ter “um irmão siamês”, referindo-se ao “doutor Proença de Carvalho”.
“Eles gostam de banqueiros e de corruptos. Servem-nos, por isso reagem quando alguém fala contra a corrupção, como eu falo. E estamos a falar do Luanda Leaks ou do Football Leaks de riqueza que é adquirida com o roubo”, afirma.
“O doutor José Miguel Júdice foi bastonário da Ordem dos Advogados. Mas foi condenado em dois processos pela Ordem dos Advogados. Em processos disciplinares que punham em causa a sua prática deontológica, como advogado, prossegue.
A ex-eurodeputada só encontra um motivo para o ataque de Júdice: “Ele sabe que eu sei muitas coisas que os portugueses vão sabendo, sobre ele próprio…. Quaisquer ataques que ele me faça distinguem-me e deixam-me tranquila”.
Num comentário à injeção de capital solicitada pelo Novo Banco, Ana Gomes referiu-se a Luís Filipe Vieira, presidente do Benfica, como “o rei dos pneus”.
“Hoje faz precisamente um ano que o ministro Mário Centeno prometeu uma auditoria. O que estamos a ver é o Novo Banco a continuar a ter prejuízos, com os problemas a serem solicitados a pôr lá dinheiro. E tudo isto com vendas desastrosas (…). Numa altura em que há uma especulação galopante no ramo imobiliário, contra os cidadãos, porque é que o banco está a fazer este tipo de vendas abaixo do valor da sua carteira de imobiliário? Para dar oportunidade a escroques? Ainda agora ficámos a saber que o tal rei dos frangos [José António dos Santos] no negócio com o rei dos pneus… tudo envolve o Novo Banco. É apenas um exemplo. Mas, de facto, precisamos de uma auditoria a sério e pedir contas ao Governo”, concluiu.
