A Procuradoria Geral da República concedeu mais seis meses à investigação do processo 'Saco Azul', que deveria ter terminado em meados de março. Ao longo dos últimos anos, vários processos judiciais a envolver nomes de clubes de futebol têm vindo a arrastar-se e Rita Garcia Pereira, advogada e antiga dirigente do Sporting, explica o que está na base destes prolongamentos de prazos nos processos que correm na justiça portuguesa.
"Tenho de explicar uma coisa. Normalmente, o Ministério Público faz uma espécie de pesca de arrastão e depois vai selecionando os factos e vai investigando, não necessariamente de uma forma coerente, e não necessariamente de uma forma consequente. E é por isso que às vezes s explicam estes atrasos", explicou Rita Garcia Pereira, advogada de profissão.
A antiga dirigente do Sporting esclareceu ainda, na CMTV, que o modo de trabalho do Ministério Público acaba por levar a que os processos se arrastem no tempo.
"Na prática, lança uma rede onde se apanham vários tipos de peixe. E depois, ou faz um megaprocesso ou vai fazendo pequenos processos", explicou Rita Garcia Pereira.
No âmbito do processo 'Saco Azul', a SAD do Benfica é suspeita de fraude fiscal e branqueamento de capitais. Nos últimos dias, através da revista Visão ficou a saber-se que as águias tentaram apressar o arquivamento do processo, juntando autos no processo com um requerimento com o objetivo de pagar uma dívida de 250 mil euros à Autoridade Tributária.
Anteriormente, a SAD do Benfica já tinha garantido que este processo foi "objeto de um pedido de aceleração processual" e destacaram os advogados do Benfica que estes foram confrontados "exclusivamente por factos respeitantes a indícios de fraude fiscal, tendo o Ministério Público abandonado a tese inicial de branqueamento de capitais".
Além da SAD do Benfica, neste processo são também arguidos Domingos Soares de Oliveira. administrador executivo da SAD e Miguel Moreira, antigo diretor executivo, juntamente com três empresas de informática.
A procuradora Lucília Gago autorizou o prolongamento de prazos para a investigação com base em conteúdos de transações "que podem ter passado por Angola".
A revista Visão destacou ainda que as autoridades portuguesas já fizeram chegar uma carta rogatória à justiça de Angola no sentido de estabelecer uma cooperação entre as entidades de justiça de ambos os países.
O processo 'Saco Azul' está em curso desde o ano de 2018, acabando agora por ter mais um prolongamento do prazo para a sua conclusão.