Prolongamento
"Manobra contabilística. Empurra-se o custo lá para a frente", diz economista
2021-10-26 10:30:00
Antigo dirigente verde e branco, especialista em contas, avalia troca de jogadores entre Dragão e Alvalade

João Duque, economista e antigo membro da Comissão de Fiscalização do Sporting no pós-Bruno de Carvalho, avalia a operação realizada entre Sporting e FC Porto na troca de jogadores por um valor de 11 milhões de euros. Este sportinguista, especialista em contas, diz que esta situação nada tem de ilegal mas vê-a como uma "manobra contabilística" realizada pelos dois emblemas rivais na tentativa de "reforçar os resultados do exercício" financeiro.

"É uma manobra contabilística que permite claramente reforçar resultados do exercício", avalia João Duque, quando questionado sobre os benefícios que as direções tiram com este tipo de operação, reiterando que "não há qualquer ilegalidade" neste tipo de operação. No entanto, o economista tem reservas quanto ao valor real que os jogadores possam representar.

"A questão é se esses jogadores valem 11 milhões. Se não valerem há um afastamento da contabilidade à realidade desportiva e isso leva a que as contas não reflitam a imagem fiel e apropriada da empresa. Está-se a sobrevalorizar resultados e ativos", observa João Duque.

Além disso, o economista, consultado pelo jornal A Bola, realça que esta operação pode ter múltipas explicações que podem ter estado na base deste entendimento entre Sporting e FC Porto para a realização desta troca de jogadores.

"À partida pode ser uma questão desportiva, do interesse do jogador em mudar de clube. Essa pode ser uma explicação, mas pode ter a ver também com o balanço", refere João Duque, explicando este conceito do balanço.

"Ou seja, estes dois jovens jogadores têm, ou teriam, valor contabilístico zero, e agora passam a valer 11 milhões de euros. Quando se vende há 11 milhões que entram no exercício de cada SAD e quando compram esse custo de 11 milhões é amortizado ao longo dos anos de contrato."

João Duque destaca que, com esta operação, a SAD do FC Porto e a SAD do Sporting conseguem colocar o capítulo do custo mais para diante. "Empurra-se o custo lá para a frente", concluiu João Duque.

Em causa, recorde-se, estão as transferências do médio Rodrigo Fernandes e do extremo Marco Cruz. Os dragões pagaram 11 milhões de euros por Rodrigo Fernandes ao Sporting, valor, esse, que a SAD liderada por Pinto da Costa recebeu com a mudança do extremo Marco Cruz para Alvalade.

Os dois jogadores são representados pelo empresário Jorge Mendes, agente que intermediou esta troca de atletas entre clubes rivais. Ambos os jogadores alinhavam nos escalões de formação.