Prolongamento
"Justiça desportiva não passa de uma ficção feita à medida dos mais poderosos"
2022-08-03 09:50:00
Interdição do Dragão suspensa e a gerar críticas em Alvalade

A interdição do Estádio do Dragão, na sequência dos desacatos ocorridos no jogo entre FC Porto e Sporting, ficou suspensa, depois de o Tribunal Arbitral do Desporto (TAD) ter dado provimento a uma providência cautelar apresentada pelos azuis e brancos. Deste modo, o FC Porto sabe que fica suspensa a sanção aplicada pelo Conselho de Disciplina (CD) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF). O clube da Invica poderá assim manter as portas abertas do seu reduto para receber público até ao trânsito em julgado do recurso.

Tal situação gera desagrado em Carlos Barbosa da Cruz, antigo dirigente do Sporting e advogado, que faz uma leitura muito própria sobre o contexto em que esta decisão foi conhecida e os contornos que levaram até esta tomada de posição do TAD ao aceitar a providência cautelar dos dragões.

O antigo dirigente verde e branco lembra que os acontecimentos foram transmitidos pela televisão e visualizados por milhares de adeptos ao vivo desde as bancadas do Estádio do Dragão.

"A ideia que então fica é que a justiça desportiva não passa de uma ficção feita à medida dos expedientes dos clubes mais poderosos, que encontram sempre forma de fugir aos castigos, mesmo quando os ilícitos são cometidos aos olhos de todos e bradam aos céus", comentou Carlos Barbosa da Cruz, aproveitando para realçar que não é apenas a Norte que vê este tipo de "expedientes" serem utilizados.

O antigo dirigente dos leões deixa claro que "o caso não é inédito" e lembra que o Benfica evitou "oito jogos de interdição" do Estádio da Luz com recurso a providências cautelares e "recursos sistemáticos".

Para o antigo dirigente verde e branco fica claro que, no caso das águias, numa das situações as portas da Luz foram mantidas abertas por conta de um contexto com "requintes de malvadez".

"Por via de uma alteração do Regulamento de Disciplina que o próprio clube votou e seguramente promoveu", salientou Carlos Barbosa da Cruz, em declarações prestadas no Record.

Face ao estado atual da justiça desportiva, o advogado entende que é chegado o tempo de reformular o setor e pede que possa desaparecer, por exemplo, a Comissão de Instrutores da Liga.

Deste modo, o ex-dirigente do clube verde e branco Carlos Barbosa da Cruz entende que se poderiam concentrar os poderes disciplinares apenas no Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol. Na sua visão, tal alteração poderia ajudar a que os processos fossem avaliados com maior rapidez.