Carlos Vieira, antigo vice-presidente do Sporting, com responsabilidades na área financeira do leão, na altura da presidência de Bruno de Carvalho, encara com relativa normalidade as contas que a administração de Frederico Varandas apresentou recentemente e que dão conta, entre outras coisas, de um resultado líquido negativo de 23,5 milhões de euros no terceiro trimestre da temporada 2020/21, de acordo com o Relatório e Contas da SAD, que foi enviado à Comissão de Mercado de Valores Mobiliários.
"Acho que os números são normais face ao que é o investimento necessário para [uma equipa] ser campeã ou para, pelo menos, atingir a Champions", referiu Carlos Vieira, destacando, todavia, que "não corresponde à verdade" a ideia de que o Sporting "fez uma equipa só de miúdos". "Não são só miúdos", disse o antigo responsável pelas finanças, dando o exemplo "do guarda-redes" Adán e de "Paulinho".
Carlos Vieira destacou ainda que estes números não lhe causam apreensão. "Os números não me chocam face ao que eu sei que é necessário. E possivelmente vão ter que subir na próxima época para tentar ser campeão e por estarmos na Liga dos Campeões", adiantou o ex-vice-presidente, acreditando que Varandas irá vender algum jogador antes do final do mês para equilibrar as contas.
"O Sporting está pressionado a vender um jogador antes de 30 de junho", adiantou Carlos Vieira, falando da eventual importância que Jorge Mendes possa vir a ter nos negócios dos leões.
Aos adeptos do Sporting, Carlos Vieira disse que acredita que um agente com a dimensão de Jorge Mendes possa estar interessado em trabalhar com um clube como o de Alvalade. E aproveita para destacar que não está seguro que as relações de proximidade com a SAD benfiquista e Jorge Mendes vivam 'os melhores dias'.
"Não estou tão certo de que, atualmente, o Jorge Mendes tenha relação privilegiada com o Benfica", referiu, salientando que se diz "com alguma ligeireza" que o agente "A, B ou C controla o clube A, B ou C".
"São estes agentes que muitas vezes fazem o mercado", destacou, dizendo que podem chamar "carrossel ou o que se quiser" mas este tipo de operação serve para tentar "compor os balanços".
"O carrossel funciona para tentar colocar os ativos de cada clube em valores minimamente comparáveis com aquilo que é o valor real", declarou, acrescentando que muitas vezes se usa a expressão carrossel com um cariz "depreciativo", coisa com a qual, na base dos conhecimentos financeiros que tem, não alinha.
Em relação a uma eventual relação de trabalho que Jorge Mendes possa ter com o Sporting, o antigo vice-presidente dos leões encara-a com normalidade e diz que o agente pode até estar a ver uma ligação que se pode prolongar no tempo com a administração verde e branca e não ver tal situação nos rivais.
"A determinada altura o Jorge Mendes tornou-se parceiro do Sporting. E o Sporting, do ponto de vista daquilo que é a lógica de mercado destes agentes, tendo sido campeão, pode confiar que tem um conjunto de gestores que vão ficar mais alguns anos no Sporting. E se calhar ele não viu isso ou não está a ver isso no Benfica onde a atual direção, mais tarde ou mais cedo, vai ser votada. E se calhar não está a ver isso tanto assim no FC Porto".
Em declarações numa conversa promovida pelo portal Leonino, Carlos Vieira lembra ainda o prestígio que Jorge Mendes tem até ao nível diplomático. "Estamos a falar de uma pessoa que tem comendas neste país e é um dos melhores agentes do mundo. Sei que há coisas mal resolvidas mas que, pronto, do ponto de vista prático, são estes agentes que fazem o mercado."