"Agora é fácil dizer que o Benfica passou, mas a minha estrutura sabe isto. Quando estava a dar o sorteio, estava com o Rui Costa, o [Rui] Pedro Braz e o Domingos Soares de Oliveira. Saíram Barcelona e Bayern e ninguém gostou", revelou o técnico Jorge Jesus, realçando que, na altura, na Luz, os dirigentes ficaram apreensivos.

"Ficou tudo a tremer, mas eu disse que íamos ser apurados e que iam passar Benfica e Bayern. Eu disse isso na altura porque acreditava exatamente naquilo que aconteceu", acrescentou Jorge Jesus após garantir o apuramento das águias para os oitavos de final da Liga dos Campeões. As declarações têm motivado críticas ao treinador benfiquista e João Braz Frade, antigo vice-presidente encarnado, admite que, na Luz, as palavras de Jorge Jesus não são valorizadas ao ponto que são no exterior.

"Estamos habituados a esta personalização excessiva do Jorge Jesus. Esta atribuição a si próprio. Não valorizo muito estas coisas porque, acho eu, já ninguém valoriza estes excessos verbais".

"Pessoalmente, não valorizo muito. Até acho que ele não tem a noção do efeito que uma coisa destas pode ter", admitiu João Braz Frade, considerando, todavia, que os elementos da estrutura do emblema lisboeta podem não ter gostado das palavras do técnico da equipa principal.

"É possível que uma pessoa se sinta ofendida", disse, mas insistindo na ideia de que acredita que as palavras de Jorge Jesus não assumem uma dimensão de relevo para a estrutura.

"No Benfica, as pessoas não valorizam muito algum excesso do Jorge Jesus", disse Braz Frade, embora voltando a admitir que o treinador poderia evitar proferir certas declarações.

"É excessivo. Foi meter os outros ao barulho porquê? Era desnecessário", concordou João Braz Frade, lamentando que Jorge Jesus diga certas coisas nas conferências de imprensa e em outras intervenções públicas.

"O Jorge Jesus nas conferências de imprensa de uma maneira geral, como se sabe, diz umas coisas que era preferível que não as tivesse dito", referiu o antigo dirigente, sustentando que "há um divórcio claro entre o Jorge Jesus e a massa associativa".

"Os sócios estão cansados de decisões que não percebem. Dou um exemplo: alguém percebe que o Everton Cebolinha jogue a defesa direito? É normal que os sócios tenham interrogações".

João Braz Frade, na CMTV, defendeu ainda que o treinador do Benfica poderia aproveitar as conferências de imprensa para dar explicações táticas aos associados. "O Jorge Jesus poderia explicar e ser mais pedagógico".