Prolongamento
"Isto foi para vocês, os verdadeiros adeptos de futebol", revela Rui Pinto
2020-09-29 22:00:00
Criador do Football Leaks destaca aumento do "escrutínio" no futebol

Rui Pinto, o criador do Football Leaks que está a ser julgado por um total de 90 crimes, usou as redes sociais para garantir que todas as ações que praticou foram "para os verdadeiros adeptos de futebol".

"Isto foi para vocês, os verdadeiros adeptos de futebol, os fiéis, os que acima de tudo querem moralidade. A todos, um bem-haja", escreveu o hacker, que esteve mais de um ano em prisão preventiva.

Ao revelar documentação sobre alegados crimes financeiros no futebol, Rui Pinto, de 31 anos, procurou agir como 'denunciante' e lutar contra a corrupção, de acordo com o próprio hacker.

"A transparência ainda é uma miragem, mas o escrutínio é cada vez maior", salientou.

"Foram cinco anos de conquistas e de algumas derrotas", escreveu ainda Rui Pinto.

O criador do Football Leaks está a ser julgado 90 crimes: 68 de acesso indevido, por 14 de violação de correspondência e por seis de acesso ilegítimo, visando entidades como o Sporting, a Doyen, a sociedade de advogados PLMJ, a Federação Portuguesa de Futebol e a Procuradoria-Geral da República, e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por extorsão, na forma tentada.

Rui Pinto foi detido na Hungria e extraditado para Portugal, onde foi colocado em prisão preventiva, entre 22 de março de 2019 até 08 de abril deste ano.

Nesta última data, passou para prisão domiciliária, mas em habitações disponibilizadas pela PJ.

Antes, a 17 de janeiro, o Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa tinha pronunciado o hacker por 90 crimes, quando na acusação do Ministério Públic constavam 147.

Foi na leitura da decisão instrutória que juíza Cláudia Pina explicou que Rui Pinto "nunca poderia ser enquadrado na categoria de ‘whistleblower’ (denunciante)", dado que manifestou um comportamento "diverso ao de denunciante de boa fé" e agiu de "modo ilícito".

A 7 de agosto, Rui Pinto foi colocado em liberdade, "devido à sua colaboração" com a Polícia Judiciária e ao seu "sentido crítico", tendo ficado, por questões de segurança, inserido no programa de proteção de testemunhas em local não revelado e sob proteção policial.

O julgamento do hacker começou a 4 de setembro, no Tribunal Central Criminal de Lisboa, no Campus da Justiça.