Prolongamento
“Isto é como aqueles que vão pôr flores no túmulo no dia de anos do Salazar”
2021-10-01 15:50:00
Carlos Barbosa da Cruz considera que "o Brunismo ainda não acabou", no Sporting, e faz uma comparação

Os sócios do Sporting chumbaram os relatórios de gestão e contas de 2019/20 e 2020/21, assim como o orçamento para a presente temporada. Em assembleia geral dos leões, realizada no Pavilhão João Rocha, em Lisboa, cerca de “750 associados” ditaram esta reprovação, segundo o presidente da mesa de assembleia geral, Rogério Alves.

O antigo dirigente Carlos Barbosa da Cruz manifesta-se preocupado e critica os "sócios comodistas" que ficam em casa e não participam nestas assembleias, o que dá força a minorias. "Preocupa-me. Isto e o contrário à música que diz que ‘só eu sei porque não fico em casa’. Isto é ‘só eu sei porque fico em casa’. Isto é um aviso aos sócios comodistas do Sporting, que acham que as coisas podem passar e correr sem a sua presença e a sua intervenção. Está a ver-se o resultado", afirma, na CMTV.

Para Barbosa da Cruz, esta é uma vitória daqueles que "são mais ativistas e se manifestam mais ruidosamente nas assembleias", mas também "um fenómeno recorrente, desde há três anos e meio". O ex-dirigente associa os defensores de Bruno de Carvalho a este 'chumbo' das contas e orçamento.

"A minha sensação é de que isto são saudosismo e provas de vida. É um bocadinho como – passe a diferença – aqueles que vão pôr flores no túmulo no dia de anos do Salazar, lá no Vimieiro. Há sempre gente para isso", diz, suscitando a ideia de que estaria a falar dos defensores de Bruno de Carvalho.

E Carlos Barbosa da Cruz não quis deixar dúvidas. "Vamos ser muito clarinhos. Não gosto de meias-palavras. Isto significa apenas que Bruno de Carvalho pode não ser sócio do Sporting, mas o Brunismo não acabou. Tal como no Benfica o Vieirismo não acabou", esclareceu.

Mas o comentador daquele canal recentrou a discussão na cisões que existe no Sporting e no comodismo dos sócios que não participam nestas assembleias: "Eu respeito que as pessoas achem que o mandato de Bruno de Carvalho foi ótimo. Não é a minha opinião, mas eu respeito. Aqui, o problema não é dos sócios que se manifestam que são ruidosos. Esses sempre agiram dessa maneira. O problema é dos sócios do Sporting que ficam no sofá e são comodistas. Sirva isto de alerta".

Apesar desta decisão contrária aos interesses de Frederico Varandas, Carlos Barbosa da Cruz não tem dúvidas de que a maioria dos adeptos está ao lado do atual presidente. 

"Eu não tenho a mínima dúvida de que, se Frederico Varandas fosse hoje a eleições, ganhava com esmagadora maioria, porque aí, os sócios, como é um ato eleitoral, com importância, respondem sempre. Agora, nestes intercalares, que são à noite, que são uma chatice, há muita cultura de não ir. Já cheguei a ir a Assembleias Gerais de aprovação de orçamentos e contas com 20 pessoas...", lamentou.

"Há muita cultura do comodismo. E neste momento, nesta conjuntura do Sporting, pode, de alguma maneira, provocar isto”, concluiu.

As contas dos últimos dois exercícios e o orçamento para 2021/22 foram a votos na assembleia geral dos leões. O primeiro ponto da ordem de trabalhos, que previa a deliberação sobre o relatório de gestão e contas do exercício de 01 de julho de 2019 a 30 de junho de 2020, foi reprovado por 59,24% dos 3.974 votos, o que corresponde a 473 de 750 sócios votantes.

Esta foi a segunda vez que os associados do clube reprovaram as contas de 2019/20, que registam um resultado líquido positivo de cerca de 74 mil euros, depois de as mesmas terem sido rejeitadas por 67,22% dos votos em setembro de 2020.

O segundo ponto da assembleia geral de ontem, que previa a discussão e deliberação do “orçamento dos rendimentos, gastos e investimentos” e do “plano de atividades para o ano de 01 de julho de 2021 a 30 de junho de 2022”, foi rejeitado por 57,38% dos 3.986 votos, ou seja, 459 (61,12%) de 751 votantes.

Já o relatório de gestão e contas do exercício de 01 de julho de 2020 a 30 de junho de 2021, que compunha o terceiro ponto da ordem de trabalhos, foi reprovado por 58,09% dos 3.980 votos recolhidos, correspondentes a 465 (61,92%) dos 751 sócios que sufragaram este ponto.

O clube apresentou, em 24 de setembro, um resultado líquido de 135 mil euros no exercício de 2020/21, resultante de “uma ótima performance dos resultados operacionais” e de um “recorde de quotização do lado das receitas e uma diminuição dos custos estruturais”, tal como referido no documento.