Os campeonatos ganham-se dentro das quatro linhas, mas existe uma retórica que defende que também ao nível da comunicação se podem alcançar proveitos desportivos. Jaime Pacheco, treinador campeão pelo Boavista no início do século, defende que a receita para o sucesso tem vários ingredientes e sublinha que falar "bem" pode não chegar. "Só trabalhando bem e tendo bons jogadores e de qualidade é que poderemos ganhar títulos", considera o antigo jogador de Sporting e FC Porto.

Por outro lado, para se atingir o sucesso, Jaime Pacheco destaca ser necessário que "o grupo perceba que o presidente está com o treinador". "Muitas vezes o treinador tem autoridade, trabalha bem, sabe o que está a fazer mas quando os jogadores se apercebem que da parte do presidente não há apoio total ou alguma desconfiança os resultados podem diluir-se pela negativa de forma rápida".

Depois, em declarações na RTP 3, Jaime Pacheco fez uma avaliação do trabalho de Rúben Amorim naquela que tem sido a pior semana da temporada, pelo menos a nível de resultados desportivos, depois de perder contra o Benfica e o FC Porto.

"Em relação à conferência de imprensa do Rúben Amorim é importante discursar", destacou Jaime Pacheco, concordando que também é "importante os jogadores perceberem coletivamente essencialmente o que vão fazer".

Para destacar estas condições essenciais para o sucesso, Pacheco contou depois um episódio. Essa situação serviu para 'dar corpo' sobre a importância de se levar em consideração que nem tudo aquilo que se diz acaba por ter reflexo na realidade.

"Eu tenho um amigo que foi meu presidente enquanto jogador e depois passei a treinador e um dia ele disse-me que ia ser treinador do clube dele. O tempo foi passando e disse-me que tinha pensado em mim mas indicaram-lhe sicrano e beltrano e lá falou com o beltrano", contou Jaime Pacheco, prosseguindo com o exemplo.

O antigo treinador campeão pelo Boavista diz que esse presidente queria lutar pela manutenção e falou com o tal treinador "uma hora" e pensou que, com aquela conversa toda ia garantir o apuramento para as provas da UEFA.

"Passados três meses despediu-o, caso contrário ia descer de divisão. Isto para dizer que há muita gente que fala bem do que quer que seja mas não sabe fazer nada", referiu Jaime Pacheco.

O treinador salientou que mais do que falar no futebol "é preciso saber". "Vender é fácil. Há muita gente que vende gato por lebre. É preciso saber. E os dois [Amorim e Conceição] sabem fazer e sabem falar", reconheceu Jaime Pacheco.