Prolongamento
"Elementos da estrutura resolvem conflitos ou arranjam os conflitos?"
2022-01-12 22:10:00
"Qual é o interesse de estarem no banco? É para assustar o árbitro?", interroga Jorge Castelo

Ao longo dos tempos, a palavra estrutura passou a entrar no léxico do futebol profissional para que fossem mencionados todos os funcionários de um clube que iam ou vão trabalhando desde e para a equipa principal, mas não só. A esta expressão têm sido associados presidentes e até administradores da SAD.

Nos últimos anos são por isso cada vez mais os elementos das equipas que assistem aos jogos desde o banco de suplentes (muitas vezes até levando a troca de acusações sobre o seu comportamento), existindo até um banco de apoio, ocupado por elementos que fazem parte da chamada estrutura de apoio ao futebol profissional. E, portanto, com um número elevado de elementos visíveis durante os jogos, Jorge Castelo, antigo adjunto de Benfica e Sporting, entre outros emblemas, professor do curso de treinadores, deixa no ar algumas questões relativamente ao papel de cada elemento dentro da chamada estrutura seja nos jogos ou mesmo nas rotinas diárias de um plantel.

"Venho levantar uma questão muito interessante. Todos os grandes clubes têm uma estrutura de apoio ao futebol profissional. E eu pergunto se essa estrutura tem funcionalidade. Essa é a primeira grande questão. Ou seja, uma coisa é a estrutura outra é a funcionalidade das pessoas lá dentro. Normalmente, parece-me que funcionam a pensar neles próprios e não a pensar nos outros", comentou Jorge Castelo.

A outra grande questão colocada pelo professor é saber o tipo de formação que estas pessoas têm. "Não se vê nesta paisagem uma grande formação. São pessoas que caem ali muitas vezes por certas circunstâncias", destacou, colocando depois a questão sobre a sua importância nas rotinas do plantel.

"E depois, o que fazem durante o dia? O que é que eles fazem? Vão até ao clube, tomam banho", acrescentou, dizendo que outra coisa que "lhe faz impressão" prende-se com a necessidade de estarem no banco durante os jogos.

"Qual é o interesse deles estarem sentados no banco? Qual é o interesse? O que é que eles produzem para o treinador? É para assustar o árbitro? Não sei", argumenta Jorge Castelo, concordando que as estruturas são importantes mas querendo perceber mais sobre a sua real operacionalidade.

Em todo o caso, o antigo colaborador do Benfica sustenta que as estruturas têm a sua importância mas alerta para a necessidade de serem úteis ao plantel. "São importantes estas estruturas? São. Que elas tenham funcionalidade é muito importante".

Em declarações no canal A Bola TV, Jorge Castelo salientou ainda um terceiro aspeto em relação à estrutura e a sua importância para um grupo de trabalho.

"Eles resolvem problemas de conflitos ou arranjam eles próprios os conflitos? Olho para os bancos de vários clubes de topo e a maior parte são técnicos e jogadores. Não vejo secretários-técnicos, diretores-técnicos, diretores-desportivos, tudo ao mesmo tempo, tudo ao molho."