As recentes declarações do empresário de Darwin, nas quais avisou que queria encontrar-se com Rui Costa para abordar a saída do avançado já na abertura do mercado de transferências em junho, motivam alertas e conselhos por parte de quem conhece o fenómeno desportivo e a gestão de um plantel. Carlos Freitas, antigo diretor do futebol do Sporting e do SC Braga, entre outros emblemas, admite que as intervenções frequentes de Edgardo Lasalvia, empresário de Darwin Nuñez, podem dificultar a afirmação do uruguaio e até o clima no balneário encarnado.

"Quanto maior for o rendimento coletivo da equipa do Benfica e quanto maior for o rendimento do jogador dentro do coletivo maior será a sua cotação", explica Carlos Freitas, realçando que para Darwin ser transferido pelos montantes que se falam será imperativo que o Benfica, coletivamente, tenha sucesso, de pouco valendo o rendimento do uruguaio, se os companheiros não acompanharem as suas performances.

"Para Darwin atingir os valores que se falam de 50, 75 ou 150 milhões de euros, qualquer valor que se venha a praticar relativamente a Darwin, implica que coletivamente o Benfica está bem", avisa o antigo diretor do futebol leonino.

Carlos Freitas justifica ainda que, "para o jogador ser vendido nesta ordem de valor, necessita de um coletivo que funcione e um coletivo para funcionar tem que estar rodeado de estabilidade". Coisa que Carlos Freitas não verifica, se Edgardo Lasalvia continuar a ter este tipo de declaração pública.

"Com este tipo de intervenções no espaço público de forma sistemática não me parece que esteja a contribuir minimamente [para essa tranquilidade]".

"É um foguetório diário que já se assistiu também no ano passado, por altura dos primeiros meses da temporada em que diariamente, ao fim de duas semanas, o Barcelona dava 120 milhões. Estamos todos recordados disso", lembra o antigo dirigente, em declarações na SIC Notícias.

Carlos Freitas sustenta que Darwin tem talento e valor só que precisa de ter estabilidade fora de campo. "É indiscutível a qualidade do jogador. É indiscutível a margem de crescimento, normalíssimo que esteja a ser seguido pelos maiores emblemas", sustentou Carlos Freitas, lamentando, porém, que "tudo o que o envolve deve fazer pensar também os responsáveis do Benfica".

"É um ativo do Benfica e não é um ativo do agente. O Benfica investiu 24 milhões de euros na perspetiva de ter rentabilidade desportiva e igualmente financeira".

Carlos Freitas indica ainda que caberá ao Benfica e aos seus responsáveis a tarefa de 'blindar' o jogador e o balneário a eventuais ruídos externos que possam ocorrer.

"É o Benfica que tem de se ocupar do seu ativo", aconselha o experiente antigo dirigente do futebol português que, entre outros emblemas, já trabalhou no Sporting, no SC Braga e no Vitória, em Guimarães.