Prolongamento
"É estranho. Varandas chamou bandido a Pinto da Costa e foi negociar com ele"
2021-10-29 11:00:00
"Não consta que a CMVM tenha feito coisa nenhuma. Está atenta. Deve estar a ver televisão", ironiza Braz Frade

As transferências de jogadores entre Sporting e FC Porto, na última janela de mercado, segundo foi comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, aconteceu por uma verba total de 22 milhões, com os dragões a pagarem 11 milhões de euros por um jogador da formação leonina, acabando por vender aos leões, por igual verba, um jogador formado no Dragão.

O tema tem dado que falar e vários especialistas em economia e finanças têm revelado que não descortinam qualquer tipo de ilegalidade na operação, realçando-se, no entanto, que se trata de uma "manobra contabilística". Do lado do Benfica, ficou-se a saber nos últimos dias, que a administração terá sido sondada para realizar idêntica operação que terá sido recusada, coisa que João Braz Frade, antigo vice-presidente encarnado, confirma.

"Eu confirmo que, de facto, o Benfica recusou fazer. Eu confirmei com o Benfica. Mudou a direção e esta direção não quer entrar nesse tipo de negócio e resolveu dizer que não", afirmou Braz Frade, lembrando que as contas encarnadas 'navegam' em 'mares' tranquilos.

"O Benfica é a única SAD que tem uma situação líquida positiva. O Sporting está em falência técnica em teoria. E o FC Porto então é super falência", observou o ex-dirigente benfiquista, gestor de profissão, que não sabe dizer que clube sondou as águias para a realização de uma troca de jogadores. "Não sei", referiu João Braz Frade, lamentando a posição da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

"Não consta que a CMVM tenha feito coisa nenhuma. Está atenta. Deve estar a ver televisão", ironizou o antigo vice-presidente do Benfica, insistindo no tema e dizendo que lá por fora decorrem já investigações para avaliar negócios semelhantes.

"Se é verdade que no plano ético não se deve fazer, aparentemente, até porque lá fora já há investigações a decorrer, em Portugal, a CMVM está atenta."

Braz Frade aproveitou ainda para lembrar que acha "estranho" que Frederico Varandas tenha permitido um negócio com o FC Porto de Pinto da Costa, depois das declarações que fez sobre o presidente dos azuis e brancos.

"O FC Porto fez isto com o Vitória de Guimarães e com o Sporting. Com o Sporting foi mais estranho porque o presidente do Sporting tinha chamado bandido ao presidente do FC Porto. Foi negociar com um bandido. Isto vale mais ou menos tudo", afirmou João Braz Frade, falando de uma "operação de cosmética nas contas".

"Com o caso da renovação do Otávio a somar a estes casos é cosmética a mais. Portanto, depois isto prende-se com a concorrência", salientou João Braz Frade.

"Já não é só ético. Implica com a concorrência, implica com as leis do fair-play financeiro e com a clareza das contas e com a verdade dos acionistas". Em comentário na CMTV, Braz Frade insistiu que "andam a trocar uns pelos outros e tal para disfarçar as contas, mais nada".