A troca de argumentos entre a direção do Benfica liderada por Luís Filipe Vieira e a candidatura de João Noronha Lopes, um dos candidatos derrotados no último ato eleitoral, que decorreu em outubro de 2020, tem sido frequente nas últimas semanas, mas é preciso acabar com a "escalada" verbal, apela João Braz Frade, antigo vice-presidente do clube encarnado.  

"Isto vai escalando. Qualquer dia temos um problema sério, sério. Deviam os dois baixar um bocadinho o tom. Isto começa a ser perigoso. Um dia destes há uma Assembleia e há pancadaria da grossa", lamentou João Braz Frade, considerando que João Noronha Lopes, que nesta terça-feira, velou novas críticas a Vieira, ainda não percebeu que "perdeu as eleições" realizadas há quase um ano.

"Só um tontinho é que não acha o mesmo. Há um assalto claramente em curso. Provavelmente, o doutor Noronha Lopes achou que a única maneira de tomar o poder era continuar a escalar isto. E não contava que o Luís Filipe Vieira fosse dar uma resposta".

João Braz Frade diz-se "preocupado" com o rumo dos acontecimentos e com esta troca de argumentos verbais que tem ocorrido na Luz. "Estou muito preocupado com o que possa acontecer".

O antigo membro dos corpos sociais do emblema da Luz diz que Noronha Lopes "nunca mais percebe que perdeu as eleições" e "acha que foi enganado".

"Tudo bem mas há maneiras de se fazerem as coisas. Com esta escalada não vai a lado nenhum", vaticina João Braz Frade, certo de que a dinâmica de comunicados e a frequência deveriam sofrer uma alteração em nome do Benfica.

Braz Frade fala numa "balcanização do Benfica" que está a decorrer e salienta que os acontecimentos de contestação à liderança de Luís Filipe Vieira têm sido "organizados". E Braz Frade sabe por quem.

"Está tudo organizado. A contestação no Benfica tem toda a mesma origem", salientou o antigo dirigente do clube encarnado que aproveitou a presença na CMTV para falar ainda das palavras recentes de Domingos Soares Oliveira, CEO da SAD encarnada, que admitiu a possibilidade de realizar cortes financeiros, se a equipa não se apurar para a fase de grupos da Liga dos Campeões.

"Pode ser interpretado como um recado ao Jorge Jesus", referiu Braz Frade, salientando que não tem essa interpretação. "O Domingos Soares de Oliveira, o presidente e os outros, enfim, falam com o Jesus quando querem. Não precisam de mandar recados pela comunicação social".