Naquela que se viria a revelar a ponta final da sua presidência, naqueles que foram os últimos anos da liderança de Luís Filipe Vieira, o antigo presidente do Benfica chegou a assumir publicamente que o clube da Luz estava "10 anos à frente da concorrência". Em 2017, numa entrevista à CMTV, Luís Filipe Vieira assegurava que os rivais procuravam então copiar o Benfica e o seu modelo de gestão.
À época, Luís Filipe Vieira prometia que, quando fosse chegado o tempo de deixar o emblema benfiquista, o clube seria uma "referência" no plano europeu. De resto, o antigo presidente dizia mesmo ter essa "noção" e que no dia em que viesse a deixar o Benfica deixaria "uma grande empresa, uma fábrica".
Assim, e perante os contornos da saída do cargo de presidente no âmbito do processo Cartão Vermelho, no qual Luís Filipe Vieira chegou a estar detido até ser presente a um juiz de instrução criminal, Carlos Barbosa da Cruz, antigo dirigente do Sporting, revela que olha com algum "humor" para aquilo que eram as declarações de Vieira, e o seguimento que estas tinham pela "propaganda" encarnada.
"Perante este quadro, dizer-se, como fazia a propaganda da Luz, que o Benfica estava dez anos à frente da concorrência, releva do mais requintado humor negro", comenta Carlos Barbosa da Cruz.
Em declarações num artigo de opinião que assina no jornal Record, o antigo dirigente do Sporting aborda ainda o momento atual do clube benfiquista e, sem querer comentar os excertos que têm saído das escutas do processo, diz que vê Rui Costa como sendo a figura aque poderá ser útil perante o atual momento do clube.
"Rui Costa é a figura de regeneração de que o Benfica agora precisa", identifica Carlos Barbosa da Cruz, ciente de que ainda muita coisa está por saber e muitas contas vão ser feitas no futuro relativamente ao legado de Luís Filipe Vieira.
É que, no entender do antigo dirigente verde e branco, o "dano reputacional ainda está por contabilizar" na SAD e no universo encarnado levando em conta os anos de liderança de Luís Filipe Vieira.
O antigo presidente do clube encarnado, entretanto substituído por Rui Costa, foi detido no âmbito de uma investigação sobre suspeitas de burla, fraude fiscal, abuso de confiança, falsificação e branqueamento de capitais.
Na altura, as ações de busca foram realizadas pela Autoridade Tributária mas também pela Direção de Finanças de Braga, Porto, Aveiro e Lisboa, sendo que participaram também nas diligências elementos da Unidade dos Grandes Contribuintes e agentes da polícia.