Edição 78 da Taça de Portugal arrancou este fim-de-semana com a realização de 60 jogos espalhados por todo o país
Enquanto as atenções se centravam na Hungria e na jornada decisiva da Seleção Nacional na qualificação para o Mundial’2018, por cá arrancou este fim-de-semana a 78.ª edição da Taça de Portugal. No sábado, o Amora abriu as hostilidades ao vencer por 3-0 na Ilha do Pico, frente ao Vitória local. Este domingo a ação continuou com mais 59 encontros referentes à primeira eliminatória da prova. A bola rolou por todo o país. Desde Rabo de Peixe, nos Açores, a Figueira de Castelo Rodrigo, no distrito da Guarda. De Armação de Pêra, no Algarve, a Mosteiros, no distrito de Portalegre. Ou mesmo de Riachos, no Ribatejo, até à Charneca do Lumiar, onde o estreante Alta de Lisboa recebeu os açorianos do Flamengos, num encontro com direito a tudo: um ex-campeão em campo, muitos golos, minis e bifanas. É oficial: começou a festa da Taça.
No Complexo Desportivo do Alto do Lumiar, num local onde o barulho constante das aterragens e descolagens dos aviões, mesmo ali ao lado no Aeroporto, se confunde com o burburinho natural do jogo, e por uma módica quantia de nove euros, foi possível assistir à estreia do Alta, clube das divisões distritais de Lisboa, na Taça de Portugal. O sol brilhava, o termómetro marcava 20 e muitos graus, o relvado… sintético já estava regado e nas bancadas cerca de duas centenas de pessoas davam colorido à festa. A romaria pode não ter a grandeza da que se assiste em maio, na final do Jamor, mas, tal como na mata junto ao Estádio Nacional, aqui também não falta bebida nem comida. Até porque neste estádio existem dois bares. O do Alta e Lisboa e o do rival Águias da Musgueira.
No entanto, hoje, a rivalidade não é para aqui chamada. Até porque o adversário vem de bem longe, dos Açores. O Flamengos, clube da Horta, ilha do Faial, e que também disputa os distritais, veio até à Capital para jogar a Taça. E se é verdade que nesta primeira ronda não entram clubes da Primeira nem da Segunda Liga, não deixa de ser curioso que em campo um dos conjuntos esteja a equipar à grande. Isto porque o Futebol Clube de Flamengos é a filial número 54 do FC Porto. O emblema praticamente idêntico não o deixa enganar. Contudo, de pouco valeu aos visitantes a ligação umbilical aos dragões, pois por volta dos dez minutos de jogo já perdiam, para gáudio dos adeptos da casa.
Antes do intervalo surgiu o segundo golo da equipa lisboeta e a eliminatória ficava bem encaminhada, até porque a turma da casa raramente permitiu grandes aventuras ao adversário. Nas bancadas, por vezes, ouviam-se queixas. Há adeptos insatisfeitos em todo o lado e aqui não é exceção. Tudo por culpa de um ou outro “rodriguinho”. “Outra trivela. Ou é calcanhar ou é trivela. Para quê tanta trivela?” Questionava um adepto mais imbuído no espírito crítico do encontro. Mas a verdade é que o futebol praticado pelo Alta de Lisboa revelava alguns laivos de qualidade, ao contrário do que se possa pensar que os campeonatos distritais oferecem.
Os pupilos do técnico Paulo Henrique tentavam jogar a bola sempre pelo chão. Os centrais tinham preocupação extrema em sair a jogar, abrindo e dando linhas de passe. Os médios recuavam à procura de bola, os alas faziam movimentos interiores e os laterais davam muita largura. Isto é futebol espetáculo. Estamos na Taça de Portugal, não se equivoquem. Os responsáveis pelo futebol de qualidade têm nome. Luís Carlos, por exemplo, que aos 34 anos brilha no Lumiar, depois de ter atuado na Primeira Liga ao serviço do Vitória de Setúbal, em 2009/10. Acreditem que a bola ainda sai bem redonda dos pés do irrequieto extremo. Prova disso foram as várias assistências que fez com conta, peso e medida.
Há mais. Na faixa contrária estava Quinaz, de 32 anos. Outro nome bem conhecido do futebol profissional, depois de ter despontado na Segunda Liga ao serviço de Portimonense ou Atlético. No entanto, era na retaguarda que a experiência se fazia sentir. Isto porque com o número cinco nas costas estava alguém que já conta com uma Taça de Portugal no currículo. Santamaria. Esse mesmo que a 23 de janeiro de 1999 se estreou pela equipa principal do Sporting, com somente 16 anos, num empate a dois golos em Chaves, para o campeonato. Mais tarde, em 2001/12, já com 19 anos, participou na campanha dos leões que culminou com a vitória no Jamor. Foi lançado por Bölöni nos quartos-de-final frente ao SC Vila Real, entrando aos 68 minutos – ainda foi a tempo de ver um jovem Quaresma apontar o 4-0 final.
“As melhores recordações que tenho foi poder ajudar o Sporting nesse jogo e ter-me estreado na Taça de Portugal”, conta ao Bancada o defesa central. Aos 35 anos, Santamaria está na segunda época ao serviço do Alta de Lisboa, vivendo este domingo nova estreia. “Agora, o objetivo é ajudar a dar continuidade ao clube. O Alta de Lisboa nunca tinha jogado para a Taça de Portugal e hoje foi um dia histórico”, frisa. Qual o objetivo a partir de agora? Voltar a pisar os grandes palcos? “Ir o mais longe possível. Há equipas mais pequenas que pretendem encontrar logo os grandes. Nós talvez tenhamos outra coisa em mente: encontrar equipas mais acessíveis e tentarmos ir o mais longe possível”, atira Santamaria.
No entanto, há quem coloque um travão em aspirações demasiado altas. “Aqui não há sonhos”, começa por defender Jorge Malacho, presidente do clube lisboeta. “O objetivo é atingir aquilo que nos deixarem atingir. Chegar ao Jamor não é um sonho. Isso não é para nós. É um sonho para outras realidades que não a nossa. Sei onde estou e onde quero ir, sempre com os pés bem assentes no chão. Na próxima eliminatória gostávamos de encontrar uma equipa igual à nossa, que goste de jogar futebol e colocar a bola no chão. Só isso. Depois os melhores chegarão ao fim”, sublinha o líder do Alta de Lisboa.
Ainda assim, esta pode ser uma boa “montra” para conseguir algumas receitas extra. “É rentável. Temos mais despesas também, mas no geral tira-se mais proveito. Não é algo que possamos dizer que assegura a época, mas ajuda a tapar um buraco aqui e um buraco ali”, explica-nos Jorge Malacho. E como foi possível garantir tanto craque de renome no plantel? O segredo é mais fácil do que parece. “Foi o apelar dos amigos e aquilo que nós temos passado no futebol anteriormente”, revela. Receitas à parte, entretanto, o Alta marcou mais dois na segunda parte – e não foram mais por falta de pontaria – e o resultado final desta estreia do clube na Taça de Portugal acabou por ser exatamente o mesmo da estreia de Santamaria nesta mesma competição, cerca de 15 anos antes.
Contudo, o Alta de Lisboa não foi o único clube a colorir a festa da Taça ao ritmo dos golos. Esta foi uma eliminatória inaugural com muitas goleadas. A maior foi de 7-1, imposta pelo Farense ao Estrela Vendas Novas. Destaque ainda para os 5-2 aplicados pelo Almodôvar ao Quarteirense e pelo Pêro Pinheiro ao Coruchense, os 5-3 conseguidos pelo Minas de Argozelo no terreno do Atlético dos Arcos ou os 5-1 do Mortágua no terreno do Figueirense e do Benfica Castelo Branco na receção ao Leiria e Marrazes. Por fim, e destacando todas as “chapas 5” desta ronda, a AD Oliveirense venceu no terreno do Sendim por 5-0.
Na segunda ronda, além do Alta de Lisboa, vão estar mais alguns clubes a representar as divisões distritais: Amora, Vimioso, Maria da Fonte, Resende, Esmoriz, Condeixa, Idanhense, Almodôvar e Lusitano de Évora. Serão ainda dez os clubes das distritais em prova na segunda ronda, podendo até enfrentar equipas da Segunda Liga e esperando que o sonho comande a vida.
Resultados da primeira eliminatória da Taça de Portugal
Vitória do Pico (D) – Amora (D), 0-3 (sábado)
Juventude Pedras Salgadas (CP) – Montalegre (CP), 2-0
Esposende (D) – União Torcatense (CP), 1-1 (1-2 ap)
Merelinense (CP) – Cerveira (D), 1-1 (3-1 ap)
Vimioso (D) – Monção (D), 1-0
Vilaverdense (CP) – Bragança (CP), 2-0
Atlético Arcos (D) – Minas Argozelo (CP) , 3-5
Maria da Fonte (D) – Mirandela (CP), 1-1 (5-4 gp)
Pedras Rubras (CP) – Camacha (CP), 3-1
Trofense (CP) – Arões (CP), 1-0
Sendim (D) – AD Oliveirense (CP), 0-5
Felgueiras 1932 (CP) – Machico (D), 4-0
Câmara Lobos (CP) – Freamunde (CP), 0-2
Vizela (CP) – Mondinense (CP), 0-0 (3-0 ap)
Fafe (CP) – Amarante (CP), 0-0 (0-1 ap)
São Martinho (CP) – Vila Real (D), 1-1 (2-1 ap)
Cinfães (CP) – Salgueiros (CP), 1-1 (2-2 ap, 4-5 gp)
Resende (D) – Lamego (D), 1-0
Sousense (CP) – Paredes (D), 2-0
Canelas (CP) – União de Lamas (D), 3-2
Coimbrões (CP) – Rio Tinto (D), 1-0
Régua (D) – Gondomar (CP), 1-3
Sporting de Espinho (CP) – Gandra (CP), 0-0 (4-3 gp)
Tocha (D) – Esmoriz (D), 1-2
Sanjoanense (CP) – Sabugal (D), 3-2
Anadia (CP) – Águeda (CP), 1-0
Lusitano Vildemoinhos (CP)– Fornos Algodres (CP), 4-1
Figueirense (D) – Mortágua (CP), 1-5
Ferreira de Aves (CP) – Cesarense (CP), 0-1
Nogueirense (CP) – Gafanha (CP), 0-1
Fátima (CP) – Mação (D), 4-0
Alcanenense (CP) – Oleiros (CP), 0-0 (4-5 gp)
Clube Condeixa (D) – Sporting de Pombal (D), 3-0
Sertanense (CP) – Marinhense (CP), 0-2
Riachense (D) – Idanhense (D), 0-0 (0-2 ap)
Benfica e Castelo Branco (CP) – Leiria Marrazes (D), 5-1
Alcains (D) – Águias Moradal (CP), 1-2
União de Leiria (CP) – Sourense (CP), 3-0
Lourinhanense (D) – Caldas (CP), 0-2
Mosteirense (D) – Eléctrico (CP), 0-3
Torreense (CP) – Loures (CP), 2-1
Sacavenense (CP) – 1.º Dezembro (CP), 2-0
Vilafranquense (CP) – Mafra (CP), 1-2
Crato (D) – Sintrense (CP), 1-2
Pêro Pinheiro (CP) – Coruchense (CP), 5-2
Rabo Peixe (D) – Ideal (CP), 0-3
Praiense (CP) – Vale Formoso (D), 4-1
Alta Lisboa (D) – Flamengos (D), 4-0
Charneca Caparica (D) – Operário (CP), 0-2
Casa Pia (CP) – Pinhalnovense (CP), 2-0
Montijo (CP) – Lusitânia dos Açores (CP), 3-0
Canaviais (D) – Guadalupe (CP), 1-4
Farense (CP) – Estrela (CP), 7-1
Ferreiras (D) – Moura (CP), 2-2 (2-5 ap)
Lusitano (D) – Vasco Gama (CP), 3-1
Almodôvar (D) – Quarteirense (D), 5-2
Olhanense (CP) – Almancilense (CP), 3-1
Louletano (CP) – Castrense (CP), 0-0 (1-1 ap, 5-4 gp)
Armacenenses (CP) – Moncarapachense (CP), 0-1
Oriental (CP) – Lusitano VRSA (CP), 1-2
Legenda: Distritais (D), Campeonato de Portugal (CP)
Um exemplo vindo de Lourosa
No final dos 90 minutos o Alta de Lisboa e mais 59 equipas seguiram em frente para a segunda eliminatória, mantendo o sonho vivo. E enquanto há vida há esperança. Mesmo que o sonho não passe por chegar ao Jamor, o pequeno clube lisboeta, que nasceu em 2004/05 fruto da fusão entre o CD Charneca e o Sporting da Torre pode sempre inspirar-se em alguns exemplos surpreendentes da história da competição, ainda que noutra realidade e patamar que os vice-campeões distritais de Lisboa. Recuando até 2009/10, a Taça de Portugal mostra-nos o exemplo do GD Chaves, que foi a última equipa a chegar à final sem pertencer ao primeiro escalão. Os transmontanos perderam na final frente ao FC Porto por 2-1, mas não deixaram de ir fazendo a festa da Taça pelo caminho.
Recuando até ao início do século, na mesma época em que Santamaria conquistou o troféu pelo Sporting, o Leixões chegou à final da prova, perdendo por apenas 1-0. A equipa então comandada por Carlos Carvalhal, que tinha em Antchouet e Abílio as principais estrelas, conseguiu a proeza de chegar ao Jamor ao mesmo tempo que disputava a antiga Segunda Divisão B, o equivalente ao terceiro escalão. Um feito memorável da turma de Matosinhos e que irá ficar gravado na memória do futebol nacional durante vários anos, até porque com essa final garantiram o passaporte para jogar as competições europeias no ano seguinte.
Em termos de vencedores e finais improváveis há duas que saltam rapidamente à memória. Em 1998/99 o Beira-Mar, comandado por António Sousa, bateu o Campomaiorense por 1-0, com um golo solitário de Ricardo Sousa, filho do técnico do Beira-Mar. A turma aveirense conseguiu aí um feito histórico no seu palmarés. Isto numa temporada bem atípica, uma vez que nas meias-finais estiveram Vitória de Setúbal e AD Esposende e nenhum dos três granes chegou sequer aos oitavos-de-final. Atualmente, tanto os aveirenses como os alentejanos jogam nas divisões distritais de Aveiro e Portalegre, respetivamente.
https://playbuffer.com/watch_video.php?v=2XBM949D3DK8
Já em 1989/90 foi a vez do Estrela da Amadora vencer a Taça, depois de bater o Farense, da Segunda Divisão. Isto após um desfecho também algo peculiar, pois o vencedor só foi encontrado após ser disputada uma finalíssima, já que na final o jogo terminou empatado (1-1, após prolongamento). A equipa amadorense também beneficiou de um ano atípico onde os três grandes não chegaram sequer aos quartos-de-final. Atualmente o Estrela encontra-se sem futebol sénior e os algarvios estão no Campeonato Nacional de Seniores.
https://playbuffer.com/watch_video.php?v=B4UW5D2OG3RH
Mas o rótulo de maior surpresa da história da Taça de Portugal talvez vá para o Lusitânia Lourosa, que em 1993/94 foi até às meias-finais, depois de ter eliminado GD Chaves e Académica, do segundo escalão, e os primodivisionários Beira-Mar e Belenenses. A desconhecida equipa do terceiro escalão do futebol nacional viu o sonho de chegar ao Jamor terminar em Alvalade, sendo goleada por 6-0 frente ao Sporting, numa partida onde Balakov apontou cinco golos.
https://playbuffer.com/watch_video.php?v=U35XSW8313HD
Há ainda espaço para insólitos, como a temporada de 1957/58, onde nas meias-finais Benfica e FC Porto enfrentaram duas equipas lusófonas vindas de Moçambique e Angola. Depois das meias-finas entre clubes portugueses, as águias bateram os angolanos do Ferroviário de Huíla por 17-3, após duas mãos, e o os dragões venceram os moçambicanos do Desportivo de Lourenço Marques por 15-3, também após duas mãos.
Domínio dos grandes
Apesar destas surpresas mencionadas, a verdade é que há muito pouco espaço para elas acontecerem, pois a Taça de Portugal é historicamente dominada pelos grandes. Benfica (26 troféus), FC Porto e Sporting (ambos com 16) possuem mais do triplo das conquistas dos outros clubes. Boavista (cinco), Belenenses e Vitória de Setúbal (ambos com três) SC Braga e Académica (ambos com dois) e Vitória de Guimarães, Beira-Mar, Estrela da Amadora e Leixões (todos com um) são as outras equipas a já terem vivido a experiência de fazer a festa na Taça.
Com exceção dos grandes apenas nove clubes o fizeram, em somente 19 ocasiões, contra 58 de Benfica, Sporting e FC Porto. Entre 1943 e 1959 a Taça apenas foi vencida pelos três grandes. O Benfica, por sua vez, é o clube que conseguiu vencer o troféu pelo maior número de vezes consecutivas, fazendo o “tetra” em 1952/53. São também as águias que chegaram a mais finais: 36 – perderam dez. Já o FC Porto é o clube com mais finais perdidas: 13. Se olharmos para as Associações, a de Lisboa já levou o troféu em 46 ocasiões – mais do dobro.
Apenas seis associações diferentes conseguiram ver clubes da sua região vencer o troféu. Além de Lisboa, Porto (22), Setúbal (três), Braga (três), Coimbra (dois) e Aveiro (um) são as outras Associações de Futebol representadas entre a lista de vencedores.
Por fim, em relação a treinadores, os recordistas são Otto Glória, que venceu três Taças pelo Benfica e uma pelo Belenenses, e José Maria Pedroto, com duas Taças conquistas pelo Boavista e mais duas pelo FC Porto. Ambos conseguir chegar ao sucesso em quatro ocasiões. Perto disse apenas János Biri, que conduziu o Benfica por três vezes ao triunfo, Cândido de Oliveira, que fez o mesmo, mas ao serviço do Sporting, e ainda Fernando Vaz, com duas Taças de Portugal vencidas ao serviço do Vitória de Setúbal e uma pelo Sporting.
Historial de vencedores:
2017 Benfica
2016 SC Braga
2015 Sporting
2014 Benfica
2013 Vitória SC
2012 Académica
2011 FC Porto
2010 FC Porto
2009 FC Porto
2008 Sporting
2007 Sporting
2006 FC Porto
2005 Vitória FC
2004 Benfica
2003 FC Porto
2002 Sporting
2001 FC Porto
2000 FC Porto
1999 Beira-Mar
1998 FC Porto
1997 Boavista
1996 Benfica
1995 Sporting
1994 FC Porto
1993 Benfica
1992 Boavista
1991 FC Porto
1990 Estrela da Amadora
1989 Belenenses
1988 FC Porto
1987 Benfica
1986 Benfica
1985 Benfica
1984 FC Porto
1983 Benfica
1982 Sporting
1981 Benfica
1980 Benfica
1979 Boavista
1978 Sporting
1977 FC Porto
1976 Boavista
1975 Boavista
1974 Sporting
1973 Sporting
1972 Benfica
1971 Sporting
1970 Benfica
1969 Benfica
1968 FC Porto
1967 Vitória FC
1966 SC Braga
1965 Vitória FC
1964 Benfica
1963 Sporting
1962 Benfica
1961 Leixões
1960 Belenenses
1959 Benfica
1958 FC Porto
1957 Benfica
1956 FC Porto
1955 Benfica
1954 Sporting
1953 Benfica
1952 Benfica
1951 Benfica
1950 ——
1949 Benfica
1948 Sporting
1947 ——
1946 Sporting
1945 Sporting
1944 Benfica
1943 Benfica
1942 Belenenses
1941 Sporting
1940 Benfica
1939 Académica