Prolongamento
Sócios da Rádio Estádio acusam Bruno Costa Carvalho de gestão danosa
2020-09-16 21:55:00
Empresário reage garantindo que João Espírito Santo "sabia de tudo o que se passava"

O empresário Bruno Costa Carvalho, que assumiu publicamente a intenção de concorrer à presidência do Benfica, é suspeito de gestão danosa na Rádio Estádio, de acordo com Pedro Mendes Ferreira, que prestou declarações ao Negócios.

O advogado que representa João Espírito Santo e outros sócios de Bruno Costa Carvalho na RDD - Rádio Desporto (a empresa que detém a Rádio Estádio) afirmou ao jornal que “há fortes indícios” a sustentar essa acusação.

João Espírito Santo e outros sócios, que em conjunto detêm cerca de 62 por cento do capital da empresa, admitem avançar para tribunal assim que for conhecido o resultado de uma futura auditoria, acrescentou o advogado.

“Está dependente de uma auditoria que será feita às contas da sociedade, depois de ser facultada a documentação solicitada cuja recusa ainda persiste”, explicou Mendes Ferreira.

Os sócios contestam o plano de recuperação traçado por Bruno Costa Carvalho e aprovado em Assembleia Geral, cuja ata foi depois impugnada pela maioria dos acionistas, pois não estiveram nessa reunião.

Foi convocada uma nova Assembleia Geral de acionistas da RDD, para 30 de setembro, para debater e votar um outro plano de recuperação.

Nessa reunião, será também analisada “a atuação dos anteriores vogais do conselho de administração quanto a possíveis atos de abuso de confiança e de gestão danosa”, acrescentou o advogado.

De acordo com as declarações de Mendes Ferreira, poderá seguir-se a destituição do conselho de administração, liderado pelo anunciado candidato à presidência do Benfica.

Citado pelo Negócios, Bruno Costa Carvalho negou as acusações, sustentando que partilhava a gestão da Rádio Estádio com João Espírito Santo.

“Esses pontos que estão na agenda [da AG de 30 de setembro] são sobre um período em que o doutor João Espírito Santo foi administrador da empresa o tempo todo. Ele sabia de tudo o que se passava na empresa, portanto, não pode fingir agora que não sabe”, reagiu o empresário.

Há dias, a propósito de notícias que circulavam nas redes sociais, alegando haver trabalhadores da Rádio Estádio com salários em atraso, Bruno Costa Carvalho considerou que essas “inverdades” foram lançadas para a praça pública pela única “razão” de ele ser “candidato à presidência do Sport Lisboa e Benfica”.

Bruno Costa Carvalho disse ainda ao Negócios que “nunca” recebeu o salário “que estava previsto, mas sempre muitíssimo abaixo”.

Nas declarações ao mesmo jornal, o advogado Pedro Mendes Ferreira referiu ainda que os sócios já contestaram, em tribunal, o plano de recuperação de Bruno Costa Carvalho, alegando que “não houve qualquer negociação com os credores”, apesar da mesma constar da “nova versão do plano” que “a devedora veio juntar aos autos”.

Esse requerimento refere que a “revitalização” da empresa exige que a proposta seja assinada “por algum dos credores” quando “não se encontra sequer assinada”.

“Face à insistente recusa por parte do devedor em negociar com os credores reclamantes, persistindo em levar avante um plano real de esvaziamento da sociedade devedora, prejudicando de forma clara qualquer hipótese de revitalização e por ter tido conhecimento de uma proposta bastante mais vantajosa aos interesses universais dos credores, o credor, ora requerente, vem para o efeito apresentar uma proposta de plano de recuperação de modo a que todos os credores se possam prenunciar na fase negocial em curso”, consta ainda no requerimento apresentado em nome de João Espírito Santo.

Junto com esse requerimento seguiu um plano de recuperação delineado por Vítor Fernandes, empresário que detém quatro estações de rádio em Trás-os-Montes.

Esse documento reconhece 15 trabalhadores como credores da Rádio Estádio e exige uma auditoria “detalhada” à “gestão de Bruno Costa Carvalho”, com os resultados a serem reportados ao Ministério Público “para os fins que julgar pertinentes na lei”.