Não é propriamente uma novidade o assunto pressão e, ao longo dos tempos, muitos têm sido os protagonistas que referem que esta está inerente no desporto, sobretudo na alta competição nos ditos emblemas mais mediáticos. Só que poucos tiveram a ousadia de irem tão longe na descrição daquilo que entendem por pressão que se sente num clube grande.
Euclides Gomes Vaz, Bebé como é conhecido no futsal, é um dos novos campeões mundiais de Portugal e, depois de várias épocas ao mais alto nível quer no Sporting quer no Benfica, rumou ao Leões de Porto Salvo mas não deixou de perder a dita pressão para estar sempre 'a top' quando entra na quadra.
O internacional português assume que, ao contrário dos tempos em que começou a dar os primeiros passos no futsal, agora os jogadores acabam por ter ferramentos para conseguirem estar entre a elite mais anos.
"Vejo que hoje os mais novos têm mais ferramentas para lidarem com algumas situações do jogo e com as próprias adversidades. Acabam por fazê-lo muito melhor do que a minha geração, sem dúvida nenhuma", admite Bebé.
Onze anos ligados ao Benfica depois de três em Alvalade conferem a Bebé uma visão muito particular e especial sobre o fenómeno da pressão que é exercida dos jogadores.
Bebé considera que no caso particular do Benfica há aspetos que colocam o jogador no meio de uma espécie de 'dilema'. "Jogar no Benfica acaba por ter uma pressão muito grande e costumo dizer que o Benfica é o melhor clube do mundo para se ganhar, mas o pior para se perder", afirmou Bebé.
Em declarações ao Expresso, Bebé diz que as derrotas que teve na baliza da Luz lhe deixavam marcas que acabava por levar para casa, no pensamento.
"Nas derrotas, claro que me afetava muito, principalmente quando perdíamos campeonatos. Era difícil", reconhece agora o internacional português, tido pelo selecionador Jorge Braz como "um exemplo".
Em jeito de conselho/lição, Bebé destaca ainda ser necessário que os praticantes encarem o desporto com uma mentalidade forte e competitiva mas que consigam, ao mesmo tempo, saborear os momentos vividos enquanto desportistas.
"Durante a nossa carreira vamos ter sempre muitos obstáculos e o que fica é como os ultrapassámos", diz Bebé que, após ser campeão do Mundo, fez questão de lembrar que não é profissional de futsal mas conseguiu chegar ao topo da carreira.
"Daí ter dito que não sou profissional, sem pensar que fosse ter uma repercussão tão grande. O que quis mesmo dizer é que eu não deixo que o facto de não ser profissional possa não permitir que eu seja um jogador de elite. Ou seja, que eu possa trabalhar e dar o meu máximo para estar lá. Teoricamente não deveria estar, mas lutei tanto que consegui".
Bebé esteve três anos no futsal do Sporting e, depois, contou com 11 temporadas no Benfica, onde, entre outros troféus, conquistou uma Liga dos Campeões de futsal.