O Sporting e o Ministério da Administração Interna (MAI) envolveram-se numa troca de argumentos, na praça público, a propósito do inquérito da Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) à atuação da PSP nos festejos leoninos pela conquista do título de 2020/21.

A 11 de maio, o Sporting sagrou-se campeão nacional pela 19.ª vez, 19 anos após a última conquista, e durante os festejos ocorreram confrontos entre os adeptos e a polícia. Milhares de pessoas concentraram-se junto ao estádio e no Marquês de Pombal, quebrando as regras da situação de calamidade devido à pandemia.

Após receber o relatório da IGAI, o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, acusou o clube leonino de falta de colaboração, declarando que “o Sporting não respondeu a qualquer dos pedidos de esclarecimento feitos pela IGAI”.

A posição do ministro apanhou o Sporting de surpresa. Num comunicado emitido horas depois, os leões desmentiram Eduardo Cabrita, referindo que “as declarações do ministro são de extrema gravidade e revelam desconhecimento”.

“É lamentável que o ministro Eduardo Cabrita afirme que o Sporting não respondeu a qualquer pedido de esclarecimento feito pela IGAI. É lamentável e não corresponde à verdade”, reforçou o clube.

Pedro Henriques não chegou a jogar pelo Sporting, mas neste caso nem hesitou em colocar-se ao lado dos leões. Referindo casos vários em que o Governo “não assume as responsabilidades”, incluindo fora do desporto, “como nas escolas”, o ex-jogador e comentador lamentou que o MAI esteja a tentar empurrar as culpas para o clube.

“Isto tem pouco que ver com o Sporting. Se as autoridades dissessem ‘não há festejos’, não havia. Se as pessoas foram aos festejos foi por causa da incompetência do Governo e do primeiro-ministro. Aconteceu com os festejos do Sporting, em SC Braga também houve festejos por causa da Taça de Portugal, houve a questão da Liga dos Campeões... De vez em quando, têm assim umas ilusões. Nunca assumem a responsabilidade”, afirmou.

No entender do ex-jogador, em comentário na Sport TV, o Governo devia ter assumido uma posição clara semana antes, fazendo um apelo, pedindo para tal a colaboração do Sporting, para que os adeptos não fossem para a rua festejar.

“O ministro diz que não colaboraram no inquérito. Não sei se colaboraram ou não nas datas previstas, não faço ideia. A única conclusão é que aquilo não devia ter acontecido”, insistiu.

Pedro Henriques aconselhou os governantes a assumirem responsabilidades antes de apontarem o dedo a outros. “Assumam a responsabilidade que têm. No caso dos festejos do Sporting, os governantes deviam dizer ‘isto foi um erro que esperamos não voltar a repetir’. ‘Isto dos britânicos todos foi um erro que fizemos’”, continuou, referindo-se à final da Liga dos Campeões, no Porto

E insistiu na final da Champions como mais um exemplo de que os governantes “estão sempre a sacudir a água do capote”. “Não podes ir festejar o título do Sporting, mas para a final da Liga dos Campeões podes. Não podes ir visitar um familiar próximo ao hospital, mas os adeptos ingleses podem andar aos magotes sem máscara”, afirmou.

No caso do Sporting, o ex-jogador considerou que devia ter sido feito um apelo para que os adeptos não saíssem à rua para festejar o título. “O Sporting também deveria dizer ‘se fosse hoje, não teríamos ido ao Marquês de Pombal e teríamos guardado para o bicampeonato’. Deviam dizer ‘Nós não vamos ao Marquês’”, concluiu Pedro Henriques.