As visitas dos presidentes de clubes de futebol à Assembleia da República colocam os parlamentares num cenário “degradante”, numa bajulação que o parlamentar socialista, Sérgio Sousa Pinto, considera ser terceiro-mundista. No programa ‘Lei da Bolha’, da TVI24, o deputado relata episódios que o deixam incomodado.
“Não acho nada bem esta confusão entre política e futebol. Acho que até é coisa de Terceiro Mundo. Sou deputado há muitos anos e nunca pus os pés naquelas libações curiosas em que vão os presidentes dos clubes. Aterram na Assembleia da República e anda um cortejo de deputados adeptos, a gritar pelo senhor presidente. ‘Senhor presidente, senhor presidente!’. Tudo aquilo parece uma coisa... Tudo aquilo é horrível”, afirmou.
Sérgio Sousa Pinto não se revê “naqueles espetáculos”, que classifica de degradantes. E lembra que os deputados são titulares de órgãos de soberania e não devem prestar vassalagem a dirigentes.
“Eu não gosto daqueles espetáculos, de ver os adeptos deputados, os adeptos titulares de órgãos de soberania, a correr atrás do presidente”, refere.
“Depois a visita chega ao fim e os adeptos deputados vão levar o presidente ao carro, que entra no seu Mercedes imenso, que parecem aquelas piscinas infinitas. Depois só resta aos deputados despedirem-se com um lencinho. É tudo degradante. É tudo dispensável Não gosto de ver isto. Nunca gostei”, conclui.
O caso que envolve Luís Filipe Vieira deve servir de lição para esses parlamentares, segundo Sousa Pinto, que não vê nada de positivo nesta ligação entre o futebol e a política.
“Espero que estes episódios sirvam de emenda, porque o futebol tem um problema: é evidente que há um problema de transparência no futebol”, conclui.
Também Miguel Poiares Maduro é adepto de uma separação vincada entre política e desporto, ao contrário de Hélder Amaral. O deputado do CDS considera que a política deve assumir o seu papel de fiscalizador de todas as atividades, entre as quais as das sociedades anónimas desportivas, que se regem pelo código das sociedades comerciais e não podem esperar que o poder político ‘feche os olhos’ e finja que estas não existem.