O mundo do futebol, mas não só, tem enfrentado, nos últimos tempos, problemas de cibersegurança com os chamados hackers a conseguirem ter acesso a conteúdos mais privados e pessoais, ou também a aspetos estratégicos de negócio de empresas e instituições, sejam elas públicas ou privadas, pelas mais variadas razões. Uns defendem que se tratam de denunciantes, que tentam divulgar esquemas e mecanismos que podem configurar crimes, outros optam por usar a informação à qual têm acesso para pedirem quantias financeiras pelo chamado resgate.
Em Portugal, Rui Pinto tornou-se uma figura pública por conta de informação que foi conseguindo e partilhando no portal Football Leaks e também no Luanda Leaks, acabando por ser detido no âmbito de um processo que ainda corre na justiça portuguesa por conta do processo Doyen. Detido na Hungria, aquele que para muitos é visto como pirata informático e para outros um herói contou desde a primeira hora com o mediático apoio de Ana Gomes.
A antiga eurodeputada socialista e ativista contra a corrupção manteve-se sempre ao lado de Rui Pinto, defendendo o informático gaiense contra os ataques e comentários que foi sendo alvo, até porque acabou por passar para o espaço público informação mais ou menos sensível de alguns clubes de topo em Portugal e no Mundo.
O impacto positivo ou negativo, tal como a importância das informações tornadas públicas por Rui Pinto, ainda está por apurar mas a defesa de Ana Gomes à causa de Rui Pinto continua intacta.
E se nas revelações feitas por Rui Pinto, Ana Gomes colocou-se ao lado do gaiense, há pouco tempo, Jorge Castelo, professor do curso de treinadores e antigo colaborador de clubes como Benfica e Sporting, viu com curiosidade os comentários feitos pela antiga eurodeputada a propósito de um ataque ao grupo Impresa, do qual faz parte da SIC, onde a ativista contra a corrupção é comentadora residente.
"Por acaso foi interessante que a Ana Gomes há pouco tempo na SIC disse que era uma vergonha que a SIC não tivesse acesso, porque os hackers realmente conseguiram que a SIC não pudesse trabalhar mas no tempo do Rui Pinto colocou-se ao lado dele e achava que ele, sim senhor, devia interferir naquilo que são as instituições, independentemente se foi por uma causa justa ou uma causa injusta", apontou Jorge Castelo.
O professor, que falava no canal A Bola TV, lamentou ainda as diferentes posições que são assumidas. "As pessoas têm uma dualidade de critérios mediante o que lhes apetece", assinalou Jorge Castelo que comentou ainda o estado atual do Benfica a respeito de informações mais sensíveis que têm sido divulgadas na imprensa.
"O Benfica está em várias encruzilhadas e várias frentes. Muitas informações estão a vir cá para fora. São muitas informações que não trazem ou não são pertinentes mas criam instabilidade", considera Jorge Castelo.
Por outro lado, o professor entende que "estas pequenas informações de escutas telefónicas criam instabilidade e criam desconfiança entre jogadores, diretores e várias pessoas".
Por conseguinte, Jorge Castelo reitera que esta "é a primeira grande encruzilhada que o Benfica está" e que, a seu ver, terá de tentar ultrapassar o quanto antes para que o balneário fique fortalecido. "O Benfica é um clube com paredes de vidro. Tudo se sabe cá fora", concluiu.