Prolongamento
"Amorim é sportinguista? Líder não pode elogiar funcionário por ser benfiquista"
2022-01-17 10:15:00
"Se é para assinar de cruz, qualquer um vai", refere Diogo Luís

Os ecos da entrevista de Rui Costa à Benfica TV continuam a fazer-se sentir, sobretudo depois de um novo desaire da equipa de futebol principal no campeonato onde praticamente disse adeus ao título, estando cada vez mais longe do principal objetivo de cada época, que é chegar à conquista do campeonato nacional português.

Diogo Luís, antigo jogador das águias e atualmente gestor, criticou as palavras do atual líder encarnado pela forma como não vê luz ao fundo do túnel, nomeadamente na forma como este falou sobre a investigação que corre contra a gestão de Luís Filipe Vieira na justiça, ao mesmo tempo que se desenrola uma auditoria forense na SAD benfiquista para perceber como corria a administração de Vieira.

"Uma auditoria forense é uma investigação. Se o presidente do Benfica desconfia que algo possa não estar bem no Benfica, não deve ficar pelos três casos que estão no Ministério Público, até porque é muito difícil provar se o Benfica foi lesado ou não numa transferência. Tem que se provar que os valores estavam errados, ou que foram para fora para voltarem para dentro. É difícil".

Para Diogo Luís, "isto é bonito dizer para os sócios mas não é isto que vai trazer transparência ao Benfica". "Se as coisas estão mal dentro do Benfica, vão continuar mal", indica o gestor, lamentando ainda a comunicação do presidente encarnado.

"Deixem-me só tocar aqui num ponto importante. O Rui Costa falou durante uma hora e meia. Eu não estou a falar da pessoa Rui Costa, que eu gosto. Ok? Não é isso que está em causa. Ele começou por dizer que ainda ninguém foi acusado. O presidente do Benfica não tem que ver se alguém foi acusado ou não. O presidente do Benfica tem que chegar a uma entrevista e dizer que a sua preocupação é saber se o Benfica foi lesado ou não. Não tem que querer saber se Luís Filipe Vieira foi acusado ou não. O Luís Filipe Vieira tem que se defender a ele próprio", comentou Diogo Luís.

Por conseguinte, na ideia do ex-jogador, Rui Costa "só tem que dar a certeza aos benfiquistas se o Benfica foi lesado ou não e [dizer que] vai tomar todas as medidas de forma a garantir que isso não aconteceu".

"Ele esteve meia hora a defender-se a ele próprio", lamentou Diogo Luís, em comentário na CNN Portugal, onde criticou que Rui Costa tenha admitido ter colocado a sua assinatura como administrador em alguns contratos sem ler detalhadamente.

"Um administrador não pode assinar de cruz. E ele, mesmo tendo assinado de cruz, humildemente, deveria ter dito 'atenção que eu errei'. Caso contrário, qualquer um de nós vai para administrador. Se é para assinar de cruz, qualquer um vai."

Outra coisa que desagradou Diogo Luís é a forma como a administração continua a ser gerida na sua cúpula. "Quem toma as decisões no Conselho de Administração? É o CEO. Se o chefe das máquinas é o mesmo que andou este tempo todo a tomar decisões, se é ele que controla tudo, ele vai melhorar o 'compliance' (normas e procedimentos) mas no limite há uma pessoa decide que é igual? Não faz sentido".

Para o antigo jogador e gestor, atualmente, na Luz, "tem que haver um caminho diferente", sob pena de o Benfica hipotecar o seu futuro, até porque no presente as coisas correm mal para os lados da Luz.

A equipa de futebol está cada vez mais longe de FC Porto e Sporting e Diogo Luís questiona a entrega dos jogadores aos valores identitários do clube.

"Quais são as referências do Benfica neste momento? O Benfica empata o jogo contra o Moreirense [minutos depois de estar a perder por 1-0]. Se fosse o FC Porto, abalroava o Moreirense naqueles 30 minutos que faltavam".

No fundo, na ideia de Diogo Luís, pouco importará aos benfiquistas se quem os serve sente ou não o Benfica desde sempre. A ideia é que sintam o Benfica naquele momento.

"O Rúben Amorim é um grande sportinguista? Não. Mas é um grande profissional. Tem competências para exercer a função. Um líder nunca pode elogiar um funcionário por ser um grande benfiquista. O profissional sofre sempre. Os jogadores como profissionais têm que sentir. O Sérgio Oliveira chegou à Roma e disse que chegava de um clube que não estava habituado a perder."