Prolongamento
A relação entre SAD e clube, a nova 'guerra' do futebol português
2018-11-07 21:00:00
De Norte a Sul sucedem-se os casos de relações conflituosas entre SAD e clube

O conflito de interesses entre SAD e clubes, que tem no caso do Belenenses a expressão mais radical, tem vindo a acentuar-se no futebol português. De norte a sul, são vários os casos de dissonância entre clube e sociedades anónimas desportivas, várias delas entregues a empresas e investidores estrangeiros.

O Belenenses é o caso mais relevante, com o divórcio litigioso a consumar-se com o clube a anunciar a criação de uma equipa amadora para competir nos campeonatos da AF Lisboa e recentemente a ver o Tribunal impedir a SAD de usar o nome e símbolo do clube. A Belenenses, SAD, impedida de atuar no Estádio do Restelo, continua a competir na I Liga e a nova casa é no Estádio Nacional, e foi admitida pela Liga a poder participar na Liga Revelação, a nova competição criada pela FPF para jogadores sub-23. Patrick Morais de Carvalho e Rui Pedro Soares e a Codecity são os protagonistas de uma guerra sem retorno, iniciada em 2012.

Mas há mais casos de dissonância entre clubes e respetiva SAD. No Leixões, por exemplo, o presidente do clube Duarte Anastácio é acusado de quer adquirir a maioria do capital da SAD, cujo líder é Paulo Lopo que autosuspendeu-se para ser candidato ao cargo no Sporting, na lista de Rui Rego nas últimas eleições. Em agosto, a SAD retirou o apoio à claque, acusando-a de estar ao serviço da direção do clube.

O FC Penafiel, que compete na Segunda Liga, viveu um último verão agitado. A Gradual Score apresentou uma proposta de um milhão de euros para a compra de 90 por cento do capital social da SAD a constituir a partir da SDUQ (Sociedade Desportiva Unipessoal por Quotas) e esta foi aprovada mas a contestação dos sócios foi tal que levou à demissão dos orgãos sociais do clube e à supensão do processo. O presidente Gaspar Dias foi reeleito quinze dias depois.

No CD Cova da Piedade, a SAD, criada quando o clube estreou-se na Segunda Liga, presidida pelo chinês Kuong Chong Long, da Cadi, empresa sediada em Macau controlada pelo próprio Long, está em conflito com o clube, cujo presidente Paulo Veiga foi reeleito em maio último com 54 por cento dos votos.

No Olhanense, O antigo árbitro internacional italiano Luigi Agnonlin assumiu a presidência da SAD em março de 2016 e, em maio do ano seguinte, consumada a despromoção ao Campeonato de Portugal (onde se mantém, na Série D), após 13 anos nos escalões profissionais, acusou o presidente do clube de "populismo" e hostilidade. Isidoro Sousa retorquiu com "prepotência", dívidas e erros de gestão da SAD. Retido em Itália por doença grave desde o início deste ano, Agnolin deixou de poder gerir a SAD e vários jogadores rescindiram por salários em atraso.
Um caso mais antigo reporta ao Atlético. A SAD detida por maioria (70 por cento) pelo grupo chinês Anping desde 2013, quando a equipa de Alcântara disputava a a Segunda Liga, fez com que o clube fosse atirado para o os distritais da AF Lisboa em 2017. Nesta altura, a equipa sénior compete na Divisão de Honra da AF Lisboa.

Outro caso de relação conflituosa ocorreu com o Beira-Mar. A SAD foi constítuida em 2011 mas quatro anos depois após insolvência da mesma a equipa principal, então na Segunda Liga, foi despromovida dos campeonatos profissionais, em 2015. O Beira-Mar compete agora na Divisão de Elite da AF Aveiro.

Na União de Leiria existe nesta altura uma relação cordial entre SAD e clube, mas os tempos já foram de guerra. Em 2011/12, a SAD com problemas financeiros e em conflito com a Leirisport, empresa municipal, mudou-se para Torres Novas. Despromovida das competições profissionais no final da época, foi adquirida, em 2014, por um antigo jogador e empresário russo, Tolstikov, que acabou detido, em maio de 2016, suspeito de vários crimes financeiros. Acabou libertado e continua a presidir à SAD. A equipa sénior regressou ao Estádio Magalhães Pessoa e disputa atualmente a Série C do Campeonato de Portugal.