Afonso Figueiredo, capitão do Desportivo das Aves na última época, marcada por dificuldades financeiras e também episódios mais ou menos caricatos, abre o coração e faz um desabafo sobre aquilo que viveram e sentiram os seus companheiros numa época que, pela pandemia, por si só já era diferente mas conheceu cenas que este jamais esperaria passar no dito futebol profissional.

Capitão do Aves, Afonso confessa que a braçadeira fê-lo sentir várias sensações.

"Foi um presente meio envenenado. Foi uma honra", confessa, mas o pior viria depois, relata em entrevista ao Maisfutebol.

"Mais tarde a braçadeira tornou-se num peso demasiado grande para mim. Vivemos episódios inexplicáveis".

Afonso Figueiredo confirma que os salários nunca foram pagos ao dia certo mas, no começo, as coisas até iam andando.

"Vou ser sincero: não me lembro de ter recebido um salário mensal no dia certo. Não me lembro. Ao início as coisas até fluíram."

Mas o pior chegou com o ano de 2020, confirma Afonso Figueiredo.

"A partir de janeiro, sim, tudo piorou e passámos a ter quase sempre dois meses de salários em atraso", explica o jogador, revelando que o treinador assumiu também ele um papel fundamental.

Ao Maisfutebol, Afonso Figueiredo revela que Nuno Manta Santos chegou a pagar do próprio bolso aulas personalizadas aos jogadores.

"Para perceberem melhor isto, posso revelar que o Nuno Manta pagou do próprio bolso aulas de ioga a todo o plantel. Duas vezes por semana, durante dois meses", disse, elogiando a forma como o treinador sempre esteve com o grupo.

Lamentando toda esta situação, o esquerdino considera que as entidades que gerem o futebol nacional deveriam apertar a malha para que situações destas não voltem a acontecer.

"Tivemos de ir às poupanças para sobrevivermos", confessa o esquerdino que, nesta altura, se encontra de férias e é um jogador livre depois de ter rescindido contrato com o Aves.