Portugal
Vieira retira Costa da comissão de honra e critica “populismo e a demagogia”
2020-09-17 13:35:00
Todos os titulares de cargos públicos também ficam de fora, por iniciativa do presidente do Benfica

O presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, retirou hoje da comissão de honra da recandidatura todos os titulares de cargos públicos, após as críticas ao primeiro-ministro António Costa e ao presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina.

"Tomei a iniciativa de retirar da minha comissão de honra todos – todos – os titulares de cargos públicos, sejam autarcas, deputados ou membros do Governo", afirmou Vieira, numa nota enviada às redações.

O presidente encarnado agradece o apoio dos políticos que o apoiaram, mas toma esta medida para pôr termo à controvérsia em redor da sua recandidatura, com o primeiro-ministro e o presidente da Câmara de Lisboa como principais visados.

"É triste que, 46 anos depois do 25 de Abril, se tenha de censurar quem livremente decidiu manifestar-me o seu apoio", prossegue Luís Filipe Vieira, que lamenta ainda que "o populismo e a demagogia" o tenham obrigado a avançar com essa decisão.

"Obrigam-me a fazê-lo de forma a terminar com uma polémica injustificada e profundamente hipócrita", realçou.

A polémica em torno do apoio de António Costa a Luís Filipe Vieira ganhou força na esfera desportiva, mas também no campo político, com críticas ao facto de o primeiro-ministro tomar partido numa recandidatura, apesar de o ter feito em termos pessoais.

Há também quem argumente que António Costa deveria ter reservas, em virtude do facto de o presidente do Benfica estar envolvido em processos judiciais.

Nesta semana, na TVI, o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, rebateu essa polémica, em torno do seu apoio a Luís Filipe Vieira. Também Medina estava na comissão de honra da recandidatura de Vieia.

“Eu já fazia parte da comissão de honra há quatro anos. Tal como o primeiro-ministro. E não me recordo de uma única notícia a esse respeito, há quatro anos. Nenhuma”, assinalou.

Confrontado com os desenvolvimentos verificados nestes quatro anos, em particular os casos judiciais que envolvem o presidente do Benfica, Fernando Medina contrapõe:  

“No meu entendimento, participar na vida eleitoral de um clube de que faz parte é algo que, na liberdade de cada cidadão, não tem qualquer incompatibilidade. Não vejo eu, que já fiz parte dessa comissão, nem o primeiro-ministro. Não tem qualquer influência na minha capacidade institucional e na forma como exerço as minhas funções”, defendeu Medina.

“No cariz ético, implica da parte de quem coloca a pergunta um juízo de valor. Se fosse outra candidatura, de outro clube, já não haveria problema?”, perguntou.

“Vejo muitas notícias de jornais, vejo tudo o que se passa. Mas mau seria sequer imaginar que alguma coisa no funcionamento da Justiça colidiria com o facto de eu ter algum apoio a um candidato concreto”, apontou.

Já António Costa tem evitado tecer comentários, ainda que, nas vezes em que foi confrontado com o assunto, destacou que o mesmo não entra na esfera política.

Já antes, o presidente do PSD, Rui Rio, a coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, e o porta-voz do PAN, André Silva, entre outros, criticaram o apoio de António Costa e de Medina a Luís Filipe Vieira.

As eleições para a presidência do Benfica, ainda sem data marcada, deverão decorrer em outubro, num cenário em que, além de Luís Filipe Vieira, já manifestaram intenção de se candidatarem Noronha Lopes, Bruno Costa Carvalho e Rui Gomes da Silva.